A introdução do navio Ponta do Sol, este mês, "fortalecerá a ligação marítima regular entre Cabo Verde e Portugal", através do Serviço Cabo Verde Expresso 2.0, disse à Lusa o vice-presidente do grupo no arquipélago, Jorge Maurício.

O testemunho do grupo ETE consta do programa do fórum económico Portugal - Cabo Verde que decorre terça-feira, em Lisboa, a par da cimeira bilateral entre os governos dos dois países.

Parte da discussão estará centrada na competitividade e uma das principais vantagens do reforço no transporte marítimo será "a combinação de dois navios num ciclo de 10 dias, com a capacidade total de 420 TEUs", medida padrão para contentores de mercadorias, referiu.

A firma visa "o melhor tempo de trânsito de Portugal para Cabo Verde, em apenas seis dias", informou Jorge Maurício, classificando-o como uma conquista de "eficiência".

"O tempo de trânsito é um fator determinante para a competitividade e para a capacidade de resposta do serviço às exigências do mercado", disse.

O Ponta do Sol vai também reforçar as ligações internas, entre Mindelo, Praia, Sal e Boavista, "havendo a possibilidade de escalas adicionais quando se justifique", acrescentou.

"Esta melhoria na conetividade é essencial para a distribuição regular e eficiente de bens, contribuindo assim para o desenvolvimento económico e social de Cabo Verde", além de ser "um navio com bandeira e tripulação cabo-verdiana, reforçando o compromisso com a empregabilidade no país", referiu

O grupo ETE planeia ainda outras apostas para Cabo Verde, ao longo de 2025.

"Entre os principais investimentos estão a expansão dos centros logísticos" e "a diversificação das áreas de atividade" de que é exemplo a reparação de contentores.

"O compromisso do Grupo ETE com Cabo Verde é inabalável, especialmente no que diz respeito ao transporte marítimo, promoção da mobilidade e turismo, soluções logísticas e sustentabilidade", afirmou Jorge Maurício.

Através do serviço público de passageiros, a CV Interilhas, detida a 51% pelo grupo, já transportou desde o inicio da concessão, em 2019, mais de 2, 5 milhões de passageiros (500 mil só em 2024), cerca de 40 mil viaturas e 140 mil toneladas de cargas entre as diferentes ilhas.

Às portas do fórum económico, Jorge Maurício considera que Cabo Verde "possui um enorme potencial de crescimento" pela localização estratégica no Atlântico e "pela resiliência e adaptabilidade do seu povo".

"Para desbloquear este potencial é crucial atrair investimento estrangeiro em todas as dimensões do desenvolvimento" e o "apoio político" deve passar pela "criação de incentivos fiscais, simplificação de processos burocráticos e proteção dos direitos dos investidores", referiu aquele responsável, que é também presidente da Câmara de Comércio do Barlavento, no arquipélago.

Por outro lado, "é imperativo investir na formação da mão-de-obra local". 

"A melhoria do sistema educativo, com ênfase na formação profissional e técnica, permitirá que a população adquira as competências necessárias para integrar e contribuir eficazmente para setores-chave como a logística marítima, turismo, e serviços tecnológicos", acrescentou.

No caso dos transportes pelo oceano, Jorge Maurício defendeu o desenvolvimento "de regulamentos marítimos claros e eficientes", alinhados com os padrões internacionais.

"A colaboração com parceiros internacionais, tanto públicos como privados, é vital para o desenvolvimento sustentável de Cabo Verde" e, além de capital, o investimento estrangeiro pode providenciar "conhecimento, tecnologia e melhores práticas que ajudarão a transformar Cabo Verde num palco de oportunidades e crescimento contínuo", concluiu.

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