"Estamos a estudar outras medidas para baixarmos o custo de alguns produtos de cesta básica (...). Como sabem, o povo espera de nós não apenas discursos bonitos, mas ações concretas que tragam soluções eficazes para as suas carências", disse Daniel Chapo, durante cerimónia de tomada de posse de novos secretários de Estado, em Maputo.

Para o chefe de Estado, a prioridade é a reconstituição do "tecido social, económico e político" do país e o "bem-estar do povo moçambicano", um processo que, defendeu, já foi iniciado pelo novo executivo em menos de 45 dias de governação.

Entre outras ações que têm impacto "direto no bolso" dos moçambicanos, o Presidente apontou a redução do preço dos combustíveis, pagamento do 13.º salário, revitalização das Linhas Aéreas de Moçambique e criação do fundo de desenvolvimento local em distritos e autarquias para induzir a uma maior circulação do dinheiro "nas mãos do povo" como alguns dos resultados conseguidos pelo Governo.

"Caros secretários de Estado, comecem a esboçar formas inovadoras para juntos superarmos as dificuldades económicas e sociais que o povo sofre, com o objetivo de devolvermos o sorriso aos nossos compatriotas", disse Daniel Chapo, dirigindo-se aos novos responsáveis, a quem pediu também que a "inovação e o trabalho árduo" sejam os seus "maiores aliados".

No domingo, o Presidente de Moçambique admitiu a possibilidade de retirar o Imposto Sobre Valor Acrescentado (IVA) em produtos de primeira necessidade e a intervir para a redução dos preços de combustíveis, visando aliviar o custo de vida.

Na quarta-feira, o Governo moçambicano anunciou a revisão em baixa dos preços dos combustíveis, em vigor a partir de hoje, justificando a medida com a queda dos preços de aquisição no mercado internacional e com a necessidade de baixar o custo de vida.

O chefe de Estado empossou hoje os secretários de Estado do Mar e Pescas, Comércio, das Artes e Cultura, Turismo e dos Transportes, que deverão coadjuvar os ministros das respetivas áreas, sem serem membros do Governo.

Daniel Chapo pediu que os empossados sejam "inimigos da corrupção", que sirvam ao povo e não a si próprios, sob o risco de serem substituídos.

"Em bom rigor, este tipo de secretário de Estado deve ter mais ações do que justificações porque se as desculpas forem em maior número do que as ações concretas, não vai nos restar outra alternativa senão substituir-vos por outros compatriotas que podem fazer diferente e melhor", declarou.

Moçambique vive desde outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas, primeiro, pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais de 09 de outubro.

Atualmente, os protestos, agora em pequena escala, têm estado a ocorrer em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e outros problemas sociais.

Desde outubro, pelo menos 327 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 750 foram baleadas durante os protestos, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanha os processos eleitorais.

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