
"A nossa vontade, se a Rússia confirmar que não está a respeitar o cessar-fogo de 30 dias, proposto por Kiev e pelos aliados, é voltar a aplicar sanções. Já aplicámos várias dezenas e vamos aplicar nos próximos dias, em estreita ligação com os Estados Unidos", afirmou Emmanuel Macron.
O chefe de Estado francês, que esteve na Ucrânia com o chanceler alemão, Friedrich Merz, o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, e britânico, Keir Starmer, indicou que a coligação de países dispostos a dar garantias de segurança à Ucrânia no caso de cessar-fogo querem "adotar novas sanções [contra a Rússia] em conjunto com os Estados Unidos" de Donald Trump.
"Estamos à espera da resposta da Rússia", afirmou, acrescentando que querem "ajudar a Ucrânia, mas nunca escalar", por essa razão foi decidido "não enviar [tropas]" para Kiev.
Num programa especial sobre "Os desafios da França", transmitido pelo canal francês TF1 às 20:15 horas locais, o Presidente francês mostrou-se pronto a responder todas as questões dos franceses num formato inédito perante um "mundo incerto".
O chefe de Estado francês considerou ainda que "não existe um quadro legal" para utilizar os ativos russos congelados, avaliados em cerca de 200 mil milhões de euros, considerando que esta "não é uma boa solução", numa altura em que o Governo debate sobre o confisco desse dinheiro congelado desde o início do conflito na Ucrânia, com a invasão das tropas russas em fevereiro de 2022.
"Em primeiro lugar, temos de os proteger (...). Em segundo lugar, este capital rende juros todos os meses. Já utilizámos esses juros e estamos a guardá-los para financiar a nossa ajuda à Ucrânia. Penso que deve ser utilizado para ajudar à reconstrução", defendeu.
Em relação à dissuasão nuclear na UE, Macron especificou que estão dispostos a "começar a falar" sobre a instalação de aviões franceses armados com armas nucleares noutros Estados-membros, mas não quer que o país pague pela segurança dos outros.
Para "dissuadir a Rússia de regressar à Ucrânia dentro de dois ou três anos", o Presidente garantiu que os europeus vão "continuar a investir" para "treinar, equipar e apoiar a Ucrânia para que tenha as suas próprias forças" nos próximos anos, referiu.
"A primeira garantia de segurança é um exército ucraniano forte", afirmou, referindo ainda a proposta dos aliados de "forças de tranquilização" ao "longo da linha da frente, em locais que são fundamentais para a realização de operações conjuntas e de marcação".
Questionado sobre a introdução de uma "economia de guerra", Macron defendeu o seu historial, afirmando que, desde a sua eleição em 2017, existiram "duas leis de programação militar".
"O orçamento das forças armadas francesas era de pouco mais de 32 mil milhões de euros em 2017. Neste momento, é de 50 mil milhões de euros", afirmou, referindo o aumento do país na indústria de defesa, com a triplicação do número de Rafales produzidos.
"Precisamos de ser mais rápidos e mais fortes nas munições", sublinhou, acrescentando que foram realizadas "várias reuniões" para mobilizar os financiadores privados.
No sábado, a Ucrânia, os seus aliados europeus e os Estados Unidos, fizeram um ultimato a Moscovo para que este aceitasse um cessar-fogo "completo e incondicional" a partir de segunda-feira, sob pena de a Rússia enfrentar novas "sanções maciças".
Macron disse não ter "informações privilegiadas" sobre se o Presidente russo, Vladimir Putin, irá a Istambul, na Turquia, na quinta-feira para negociações diretas com a Ucrânia, e sublinhou que esta reunião é importante porque "não quer que rebente uma Terceira Guerra Mundial".
MYCO // MAG
Lusa/Fim