A Europa tem uma “oportunidade única” de liderar os pagamentos de retalho, se trabalhar em conjunto e alavancar os seus pontos fortes em inovação, segurança e resiliência, conclui um novo relatório do Centro de Estudos de Política Europeia (CEPS) e do Instituto Europeu de Investigação de Crédito (ECRI). A análise defende que a Europa deve imprimir uma “política de pagamentos ousada”, com uma estratégia clara, prioridades definidas e uma execução efetiva, para garantir liderança nesta área.

O relatório apela à correção dos desequilíbrios do mercado, ao alinhamento da regulamentação com a inovação, à aplicação equitativa das regras e à capacitação das soluções europeias existentes, não só para prosperarem, mas também para liderarem na cena mundial.

“Chegou o momento de as instituições, os governos, os intervenientes no setor dos pagamentos e os líderes empresariais se unirem em torno de uma visão comum. Trabalhando em conjunto, podemos construir um ecossistema justo e preparado para o futuro, centrado nos nossos pontos fortes únicos e no serviço aos cidadãos e às empresas da Europa”, refere Madalena Cascais Tomé, presidente da ‘task force’ e CEO da SIBS, na sua página de LinkedIn, nesta quarta-feira.

O relatório refere que o mundo está a passar por uma transformação global marcada pela competição por recursos, mudanças na cadeia de valor, tensões geopolíticas, crises humanitárias, alterações climáticas e desafios demográficos, o que está a obrigar os líderes da União Europeia (UE) e as empresas a repensar as suas estratégias.

Os relatórios Letta e Draghi, em particular, instaram a UE e os seus Estados-membros a repensar a governação, eliminar os obstáculos à inovação, colmatar as lacunas de produtividade, simplificar a legislação e aliviar os encargos de conformidade. Mas se a UE quiser enfrentar estes novos desafios e sair fortalecida, o seu setor financeiro “tem de ser resiliente e competitivo”, consideram os analistas, tendo em conta que o sistema de pagamentos de retalho é uma parte crucial do setor financeiro e um dos “alicerces da soberania digital e económica” da Europa.

“A Europa está a viver um momento decisivo. Tem de aproveitar esta oportunidade para reafirmar a sua liderança no setor dos pagamentos, reforçando as suas bases de inovação, segurança e resiliência”, refere Madalena Cascais Tomé, no comunicado divulgado pelas organizações. E acrescenta: “Com um ecossistema rico de intervenientes europeus, soluções inovadoras e uma reserva de talentos em expansão, a Europa tem todos os ingredientes para moldar um ecossistema de pagamentos que sirva os consumidores, as empresas e as instituições europeias. Não se trata apenas de uma questão de progresso; trata-se de garantir a soberania e a autonomia da Europa num dos setores mais críticos da economia digital. A urgência não podia ser maior”.

Formada em setembro de 2024, esta ‘task force’ CEPS-ECRI reuniu um grupo de intervenientes no setor dos pagamentos que participaram em debates. O relatório agora concluído apela a uma nova política europeia de pagamentos que proporcione uma visão estratégica e uma regulamentação mais simples e harmonizada; pede mais interoperabilidade e normalização dos pagamentos; e também a promover a inovação e as novas tecnologias, dando prioridade à I&D em domínios como as transferências entre contas, a segurança e a análise. E, entre outros, também a aumentar a sensibilização, o conhecimento e a confiança dos consumidores e dos comerciantes.