Os hotéis Vila Galé em Portugal atingiram em 2024 um volume de negócios de €172 milhões, com um crescimento de 9% face ao ano anterior, a que se somam €6,6 milhões com o hotel que o grupo abriu em Espanha (o Vila Galé Isla Canela), além de €110 milhões com a operação dos hotéis no Brasil, o que totaliza receitas de cerca de €290 milhões.
“Estamos otimistas em relação a 2025, as reservas que temos em carteira apontam para crescimento e resultados superiores a 2024, em taxas de ocupação e receitas, embora já não tão expressivos”, adiantou Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador da Vila Galé, na apresentação de resultados do grupo que decorreu esta terça-feira, sem deixar de frisar que “vivemos num mundo inundado com notícias de guerras e de problemas, que parecem não afetar o consumo de turismo, razão por que nos mantemos otimistas a apostar em investimentos em Portugal e no Brasil”.
Os resultados líquidos ainda não foram apresentados, porque segundo o grupo estes dados só ficarão consolidados mais tarde, em março ou em abril. Mas mesmo tendo em conta um previsível aumento de custos, em particular com a massa salarial, Gonçalo Rebelo de Almeida antecipa que “devemos estar a falar entre €105 milhões e €106 milhões”.
Turistas dos EUA cresceram 30% nos hotéis do grupo
Para a Vila Galé, o principal destaque no ano que passou foi o crescimento de 30% do lado dos hóspedes dos Estados Unidos, que foram uma “revelação total”, a par do aumento de 25% de clientes do Canadá.
“O mercado norte-americano não só fica mais noites, como alarga a sua presença em todo o território, também nos nossos hotéis no Alentejo ou no Douro, valorizando a cultura e a gastronomia, tendo uma forte apetência pelo enoturismo”, nota o administrador da Vila Galé.
De realçar é também o aumento de 23% de turistas alemães nos hotéis Vila Galé em 2024, o que representou “um salto, que este mercado ainda não tinha dado em 2022 ou 2023”, no pós-covid, segundo explicita o administrador do grupo.
A nível de quedas, evidenciou-se o recuo de 10% do mercado francês, ou de 5% do espanhol nos hotéis Vila Galé em 2024.
Investimento de €65 milhões em novas aberturas em 2025
No que se refere a projetos para novos hotéis, a Vila Galé prevê em 2025 avançar com a abertura de quatro novas unidades, duas das quais em Portugal (Paço do Curutelo em Ponte de Lima e Casas de Elvas), e outras duas no Brasil (em Ouro Preto, no estado de Minas Gerais, e em Belém, no estado do Pará).
O investimento relativo aos novos hotéis previstos para abrir este ano envolvem, segundo avançou o grupo, é de €6 milhões em Elvas, €20 milhões em Ponte de Lima, e cerca de 120 milhões de reais para cada um dos projetos no Brasil (o equivalente a €19,3 milhões), o que envolve um montante total que ultrapassa €65 milhões.
Jorge Rebelo de Almeida, presidente do grupo Vila Galé, frisou na apresentação que “na Vila Galé somos viciados em fazer coisas, que é o que o país precisa de momento, para compensar os que não fazem nenhum, e são muitos”. E destacou que o grupo ainda tem “projetos encalhados”, com destaque para o projeto no Paço Real de Caxias (em Paço de Arcos), a Quinta da Cardiga (na Golegã), além dos hotéis planeados pelo grupo em Miranda do Douro e em Penacova.
“Destes quatro, prevemos em três casos iniciar a construção este ano”, adiantou o responsável do grupo.
Rebelo de Almeida realçou que “na leva de projetos que temos em cima da mesa se destaca mais uma vez a nossa aposta no interior”. E frisou que “a empresa tem apostado mais no interior, com grande risco e ousadia”, e apesar de se perfilar nestas regiões “espaço para crescer”, o que se verifica é que o aumento turístico fora de zonas do litoral tem sido “muito suave”.
“Lisboa está suja”. Taxas turísticas não chegam para limpar a cidade?
O aumento das taxas turísticas foi questionado pelo presidente da Vila Galé, que neste campo destacou o caso de Lisboa (onde estas taxas já foram elevadas ao dobro, o equivalente a €4 por pessoa/noite).
Considerando que o presidente da câmara de Lisboa, Carlos Moedas, “tem uma grande conversa e é um grande papagaio, em vez de limpar a cidade”, Jorge Rebelo de Almeida considerou que “quem mora na cidade tem razões para se queixar, porque a cidade está de facto suja”.
“Passámos a pagar uma taxa turística mais alta e nem assim chega para limpar a cidade de Lisboa?”, questionou Jorge Rebelo de Almeida.
Sobre o novo aeroporto projetado para Lisboa, Jorge Rebelo de Almeida realçou que “ainda leva oito, nove ou dez anos a estar concluído”, e que terá de haver “soluções intercalares até lá, para a procura que estamos a ter em Lisboa, e é muita, como seja o aproveitamento de estruturas que existem em Beja ou em Sintra”.
O presidente da Vila Galé nota um “voltar atrás”, em relação à “máquina burocrática” na aprovação de projetos, envolvendo “a cultura e outros serviços do Estado, e que está a ser difícil de superar”.
Em particular, destaca as “tropelias e os muitos atropelos” que têm ocorrido com o projeto em Ponte de Lima, onde diz que a Vila Galé está empenhada em “fazer um projeto de enoturismo no Minho, associado ao vinho verde”, e à semelhança do que já fez no Alentejo ou no Douro.
Jorge Rebelo de Almeida põe também a tónica no projeto hoteleiro em Miranda do Douro, que decorre “há dois anos e ainda não viu a luz do dia, é incompreensível que um projeto desta natureza demore tanto tempo a aprovar numa zona do país tão carente de dinamismo e criação de emprego”.
No geral, o presidente da Vila Galé diz-se “otimista, apesar das coisas preocupantes”. A 25 de abril, “uma data bonita”, irá abrir o hotel no Paço do Curutelo, em Ponte de Lima, e assume-se empenhado em prosseguir com novos projetos no interior. Um dos que está na calha é “recuperar o quartel de cavalaria de onde saíram os tanques para a revolução do 25 de abril”, em Santarém. Como promete Jorge Rebelo de Almeida, “não vamos parar de fazer coisas, apesar do mundo conturbado em que vivemos”.