O projeto arrancou em 2023, lançado pela cooperativa Ccer+/Omnichord e pelo Museu de Leiria, inspirado na Sala do Capítulo daquele espaço cultural, onde têm sido apresentados "quadros vivos sob a forma de concertos", descreve a organização.

"De quantas formas pode um museu falar com quem quer escutar?" é a premissa do Ciclo Capítulo, que este ano leva mais longe a reflexão.

Aos concertos, juntam-se conversas e exposições, em apresentações trimestrais que dão a conhecer a vida e obra de "quatro figuras incontornáveis que revolucionaram a música tal como a conhecemos hoje", salienta a organização em comunicado.

Raymond Scott, Delia Derbyshire, Tony Allen e Ryuichi Sakamoto vão estar em destaque e, para cada um deles, foram selecionados quatro músicos e quatro artistas visuais para responder a um desafio:

"E se houvesse uma gravação inédita deste artista? Como seria mergulhar no universo visual do artista e criar uma nova interpretação da sua identidade gráfica?".

Daí vão surgir um conjunto de obras inéditas a revelar na Sala do Capítulo, na forma de exposições que reinterpretam o mundo visual de cada ícone musical, acompanhadas por biografias e fonogramas. A encerrar a exposição, revela-se a criação musical original.

A abrir esta edição de Capítulo, o foco recai sobre o norte-americano Raymond Scott (1908-1994), "uma das figuras mais revolucionárias da música do século XX", com "um impacto duradouro e avassalador, tanto como compositor quanto como inventor".

"Scott moldou o nosso imaginário de som moderno", defende a Ccer+/Omnichord, lembrando o seu trabalho na área do jazz, eletrónica, 'jingles', sons experimentais, música para bebés e para desenhos animados.

Como inventor, Raymond Scott antecipou inovações hoje omnipresentes, "desde os primeiros sintetizadores ou gravadores por pistas às primeiras experiências que nos levaram a conceitos como o 'streaming' e a utilização de inteligência artificial na produção e difusão do som".

O legado de Scott é revisto pelo fotógrafo Valter Vinagre, que responde na exposição a inaugurar no sábado à questão lançada pela organização: "Como poderia ser uma capa de um disco de Raymond Scott em 2025?".

Também no dia 12 de abril há conversa entre Rita Braga e Hugo Ferreira e a exibição de um documentário.

Já o músico Hasselberg vai equacionar como poderia soar uma composição de Scott na atualidade, interpretando ao vivo o resultado, intitulado "Deconstructing Raymond Scott", no dia 29 de junho.

De abril a junho, o ciclo dedica-se à pioneira da música eletrónica, a inglesa Delia Derbyshire, com exposição de Lisa Teles e concerto de Surma.

O 'afrobeat' do nigeriano Tony Allen está em destaque entre julho e setembro, com pinturas de Leonardo Rito e uma apresentação ao vivo dos bateristas Pedro Marques (First Breath After Coma) e Vasco Silva (Whales).

A encerrar, para dezembro está agendada a homenagem ao nipónico Ryuichi Sakamoto, pelo designer gráfico Paulo Fuentez e numa obra interpretada ao vivo por Rui Gaspar (First Breath After Coma).