A Catedral de Notre-Dame de Paris, com mais de 800 anos, é muito mais do que um monumento gótico: é um símbolo da história francesa e da cultura europeia. Após o incêndio devastador de 2019, reabre a 8 de dezembro de 2024, recuperada das cinzas para continuar a contar e a fazer parte da História.
Estas são as dez datas mais marcantes da catedral, monumento emblemático de Paris e da Europa.
1160: primeiras pedras
A construção da catedral começou por volta de 1160 sob a liderança do ambicioso bispo de Paris, Maurice de Sully. A maior parte da construção foi concluída em apenas um século.
O edifício gótico é a “primeira igreja a ter abóbadas a mais de 30 metros do solo”, segundo o historiador medieval Maxime L’Heritier à AFP.
1239: a Coroa de Espinhos de Cristo
A lendária Coroa de Espinhos de Cristo foi colocada pela primeira vez na catedral a 19 de agosto de 1239 pelo rei São Luís. Outra relíquia preciosa na catedral é a túnica que, segundo reza a lenda, o monarca usava nesse dia.
Ambas foram salvas do incêndio de 15 de abril de 2019, a coroa levada pelo administrador da catedral enquanto a estrutura ardia.
1455: a reabilitação de Joana d'Arc
A primeira sessão do julgamento para a reabilitação de Joana d'Arc realizou-se a 7 de novembro de 1455 na Notre-Dame, 24 anos após a sua condenação à fogueira em Rouen.
Em julho de 1456, foram declaradas "nulas, vazias, sem valor nem efeito" as sentenças do tribunal que a condenara.
1594: Te Deum por Henrique IV
No final do século XVI, as Guerras Religiosas (1562-1598) dividiram a França entre Ligas Católicas e Protestantes. Depois de ter renegado o protestantismo, o rei Henrique IV estabeleceu o seu poder ao entrar a cavalo em Paris a 22 de março de 1594. A sua viagem por Paris leva-o a Notre-Dame, onde entra para rezar. Ouve-se um Te Deum como sinal de reconciliação nacional.
1793: "Templo da Razão"
A Revolução Francesa não poupou Notre-Dame. Em 1793, além da destruição de estátuas de reis, de tesouros e dos sinos, perdeu o estatuto de catedral, tornou-se uma "igreja metropolitana de Paris" e depois foi transformada em "Templo da Razão".
Encerrada durante dois anos ao culto católico e transformada em depósito de vinho, Notre-Dame escapou, no entanto, ao destino da catedral de Cambrai (norte), que se tornou uma “pedreira” e acabou por desaparecer, disse à AFP o historiador especializado na Revolução Francesa Hervé Leuwer.
1804: coroação de Napoleão
A 2 de dezembro de 1804, Notre-Dame foi palco da coroação de Napoleão I como “Imperador dos Franceses”. A cerimónia que se realizou na presença do Papa Pio VII durou quase cinco horas e foi imortalizada na obra do pintor Jacques-Louis David.
1831: Esmeralda entra em cena
Publicado em 1831, o romance Notre-Dame de Paris apresenta-nos a cigana Esmeralda e o corcunda Quasimodo, mas é a catedral a personagem principal: o livro de Victor Hugo é um apelo à preservação do património medieval após séculos de desprezo.
1859: o pináculo de Viollet-le-Duc
Em muito mau estado de conservação, a catedral foi objeto de um ambicioso programa de restauro iniciado em 1844 sob a liderança do arquiteto Eugène Viollet-le-Duc. O projecto, que durou quase 20 anos, foi marcado em 1859 pela construção de um novo pináculo, que tinha sido destruído durante a Revolução.
1944: de Gaulle celebra a libertação de Paris
Na noite de 24 de agosto de 1944, o sino da catedral "Emmanuel" fez soar a sua vibração grave: o General Leclerc acabava de entrar em Paris para a libertação dos nazis. No dia 26, o General de Gaulle percorreu a capital como herói libertador. Termina a sua viagem na Notre-Dame, onde assiste a um Magnificat.
2019: um incêndio que choca Paris e o mundo
Na noite de 15 de abril de 2019, a estrutura da catedral ardeu. O fogo faz com que a flecha caia. As imagens da joia medieval em chamas surpreenderam milhões de pessoas. As torres são salvas por pouco. No dia seguinte, o presidente Emmanuel Macron promete reconstruir em cinco anos e lança uma assinatura nacional que irá angariar 846 milhões de euros.