Robbie Williams partilhou, no Instagram, uma longa carta aos fãs na qual exige o seu direito à privacidade, garantindo, ao mesmo tempo, que estará sempre de coração aberto para os fãs a sério.

"Estou num voo doméstico, a viajar pelos Estados Unidos. Até agora, interagi com três outros passageiros: um deles entregou-me uma nota muito simpática, elogiando o meu documentário, e pediu uma foto", começou por escrever.

"Escrevi-lhe de volta, dizendo que estava a pé desde as 4h30, que tinha dormido duas horas, que estava com olheiras e a lidar com crises de ansiedade. Expliquei-lhe que, se viesse tirar uma foto comigo, a minha ansiedade dispararia, porque toda a gente ficaria a perguntar-se quem eu era. Não sou famoso, por estas bandas".

"Não recusei: ofereci-lhe a carta e disse, 'há muita gente que tem fotos comigo, mas mais ninguém tem uma carta destas", continuou.

"Mais tarde, uma hospedeira disse-me que um outro homem, na parte de trás do avião, era muito fã da 'Rock DJ' e queria também uma fotografia. Escrevi-lhe uma carta similar. Novamente, não disse que não. Enquanto a escrevia, um outro passageiro veio ter comigo e pediu-me uma foto. Assenti".

"Nos dias que correm, penso nisso como uma forma de prestar serviço. Se tornar alguém feliz, faço o meu melhor para proporcionar essa felicidade. Nem sempre pensei nisso dessa forma, mas agora penso".

Porém, Williams acrescentou que "tem de haver contrapartidas". "Há a ideia de que todas as celebridades têm que estar disponíveis 24h por dia, sete dias por semana. Senão, são umas bestas", afirmou.

"Já conheço o argumento: foram estas pessoas que me levaram até onde estou. Mas julgo que mais de 50% não saberiam indicar o nome de um dos meus álbuns, nem nunca compraram um bilhete para um concerto meu. Não são mais fãs meus do que da Torre de Pisa ou do Big Ben. São fãs da fama", lamentou.

"Se me encontrarem na rua e forem realmente meus fãs, digam-mo. Isso significa muito para mim. Aquece-me o coração sentir que aqueci o vosso. Não me estou a queixar: prefiro ter este problema do que não o ter. Não é uma queixa, é contexto".

"Todas as interações, seja com estranhos ou com pessoas que conheço bem, deixam-me desconfortável. Consigo escondê-lo. Mas a interação social ainda me aterroriza, tanto que, durante anos, não saí de casa. Tive de reaprender a interagir, sem álcool ou drogas", disse.

"Sempre que há uma má interação com uma celebridade, a culpa é sempre da celebridade e nunca da outra pessoa. Já lidei, ao longo destes últimos dias, com gente mimada, sociopatas, narcisistas. Como é que é suposto saber a diferença entre estes e os simpáticos, especialmente quando estou com os meus quatro filhos? O meu primeiro dever é protegê-los".

"Nem todas as celebridades são santas, mas deixem as pessoas ser pessoas. Deem às pessoas a dignidade da sua privacidade. Estamos todos a tentar proteger-nos, mental, fisicamente ou ambos. Obrigado por me deixarem partilhar isto convosco: não é uma queixa, precisava só de desabafar", concluiu.