"A perturbação de hiperatividade e défice de atenção (PHDA) é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta a capacidade de manter o foco, regular impulsos e gerir a hiperatividade. Trata-se de uma condição crónica, que pode persistir ao longo da vida, impactando não só a infância, mas também a idade adulta, podendo interferir no desempenho profissional, nas relações interpessoais e na rotina diária.

Existem três principais formas de apresentação da PHDA

  • Predominantemente desatenta: caracterizada por dificuldades em manter a concentração, seguir instruções e concluir tarefas;
  • Predominantemente hiperativa/impulsiva: envolve inquietação, dificuldade em permanecer parado e impulsividade na tomada de decisões;
  • Apresentação combinada: engloba tanto sintomas de desatenção como de hiperatividade e impulsividade.

© Cátia Silva

Durante a infância, a PHDA é mais frequentemente diagnosticada em rapazes, pois tendem a manifestar sintomas mais visíveis e disruptivos. No entanto, na idade adulta, estudos indicam que a prevalência entre homens e mulheres é bastante similar. Muitas mulheres com PHDA crescem sem diagnóstico, pois os sintomas que apresentam - como desatenção e dificuldades na organização - são menos óbvios do que a hiperatividade visível nos rapazes. Além disso, a sociedade tende a normalizar comportamentos impulsivos e agitados nos homens, enquanto nas mulheres, estes sinais podem ser interpretados como ansiedade ou desorganização. Esta disparidade pode dificultar o pedido de ajuda e atrasar o diagnóstico.

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Sinais de PHDA na idade adulta

A forma como a PHDA se manifesta pode variar ao longo da vida, dependendo das exigências e responsabilidades de cada fase. Na idade adulta, os sintomas podem ser menos evidentes do que na infância, mas continuam a impactar significativamente o dia a dia. Alguns dos sinais mais comuns incluem:

  • Dificuldade em manter o foco: tarefas longas ou que exigem atenção contínua tornam-se desafiantes, levando à distração frequente;
  • Desorganização e procrastinação: sensação constante de caos na rotina, dificuldade em estabelecer prioridades e tendência a adiar tarefas importantes;
  • Impulsividade: decisões precipitadas, interrupção de conversas e dificuldade em controlar reações emocionais;
  • Inquietação e impaciência: sensação de precisar estar sempre em movimento, dificuldade em relaxar ou em lidar com períodos de espera;
  • Esquecimento frequente: falta de memória para compromissos, prazos e detalhes do quotidiano, mesmo que importantes;
  • Gestão do stress dificultada: situações de pressão podem intensificar os sintomas, levando a um maior desgaste emocional.

A persistência destes sintomas pode afetar a vida profissional, as relações e o bem-estar emocional. No entanto, compreender a PHDA e procurar estratégias adequadas de gestão pode fazer uma enorme diferença.

Quando procurar apoio?

A PHDA não se manifesta da mesma forma em todas as pessoas. Cada indivíduo tem uma experiência única e enfrenta desafios distintos. Contudo, quando os sintomas começam a impactar significativamente a qualidade de vida, a saúde emocional e o equilíbrio pessoal, é essencial procurar apoio.

O acompanhamento psicológico desempenha um papel fundamental, ajudando a compreender melhor os desafios associados à PHDA e a desenvolver estratégias para lidar com eles. Em muitos casos, uma abordagem terapêutica combinada—como psicoterapia e, em alguns casos, medicação - pode trazer melhorias significativas na gestão dos sintomas.

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Falar sobre PHDA na idade adulta é essencial para desmistificar a ideia de que se trata de um problema apenas infantil. Ao aumentar a consciencialização sobre esta condição, reduzimos o estigma e encorajamos mais pessoas a procurar o suporte necessário para melhorar a sua qualidade de vida.

Estratégias que podem ajudar no dia a dia

Atenção, estas estratégias não substituem a procura de apoio especializado, mas visam facilitar o dia a dia, promovendo uma maior organização e foco, podendo ajudar a minimizar os desafios de quem vive com PHDA:

  • Práticas de respiração para a regulação emocional;
  • Limitar o uso das redes sociais;
  • Delegar tarefas para reduzir a sobrecarga;
  • Criar uma rotina ajustada às necessidades individuais;
  • Praticar atividade física regular;
  • Estabelecer uma rotina de sono adequada (higiene do sono);
  • Usar técnicas de gestão de tempo, como a Técnica Pomodoro;
  • Utilizar lembretes visuais, como post-its coloridos para as atividades;
  • Manter uma agenda ou calendário atualizado (quer para a parte profissional quer para os eventos sociais/familiares);
  • Bloquear ou silenciar notificações para melhorar a concentração nas tarefas."

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