A menos de uma semana das eleições legislativas antecipadas de 2025, um estudo da consultora LLYC revela os temas que mais mobilizaram os portugueses nas conversações digitais nos dois meses que antecederam o sufrágio.

A análise, baseada em mais de 184 mil tweets e notícias publicadas entre 14 de março e 9 de maio, mostra que a Economia e a Saúde são as questões mais discutidas, enquanto a ética política e a corrupção perderam destaque, caindo significativamente nas preocupações dos cidadãos.

O relatório da LLYC, que monitorizou a atividade em redes sociais e meios de comunicação online, revela que a Economia e os Impostos continuam a ser o tema mais relevante, representando 23,8% de todas as menções analisadas, as subtemáticas mais comentadas incluem a redução no reembolso do IRS e as alterações no IRC.

Este tema manteve sua posição de destaque, repetindo a tendência observada nas eleições de 2024.

A grande novidade é o aumento da relevância atribuída à Saúde, que saltou para o segundo lugar com 11,7% das menções. Fatores como o encerramento de urgências hospitalares, a falta de profissionais e a volta das Parcerias Público-Privadas (PPP) no setor, além dos cuidados obstétricos, impulsionaram esse crescimento nas conversações digitais.

Os debates e eventos políticos, como os confrontos televisivos entre Pedro Nuno Santos (PS) e André Ventura (Chega) e entre o líder socialista e Luís Montenegro (PSD), ocuparam o terceiro lugar com 10,8% das menções.

A campanha deste ano, no entanto, apresentou uma divisão maior de atenções, com os debates políticos a gerarem menos mobilização do que em 2024.

Outros temas, como Defesa Nacional e Migração, que não tinham grande relevância no debate público nas eleições anteriores, começaram a ganhar espaço nas conversações digitais, com a defesa ficando entre os cinco temas mais discutidos, uma grande mudança em relação a 2024.

Já a Justiça, impulsionada por casos mediáticos envolvendo o sistema prisional, chegou ao sétimo lugar no ranking de discussões.

Ao contrario do que aconteceu no ano passado, a ética política e a corrupção caíram consideravelmente na agenda digital, sendo em 2024, quarto tema mais discutido com 8,2% das menções, ocupa agora a 11ª posição com apenas 4%.

A queda é notável, especialmente após o impacto da demissão de António Costa devido à “Operação Influencer”, que gerou controvérsias políticas, apesar disso, a ética política perdeu centralidade na conversa pública digital.

Outro tema importante, a Habitação, que esteve no centro de discussões intensas entre os partidos, apareceu apenas no nono posto da lista de preocupações.

O estudo também revelou que os partidos da direita, particularmente os líderes do Chega, dominam as interações digitais, com uma média de 1.210 interações, contra 403 da esquerda, no entanto, ao isolar o efeito que André Ventura possui, a direita apresenta uma média de 783 interações por líder, ficando abaixo dos 876 interações por líder de esquerda.

Entre os partidos de esquerda, figuras como Mariana Mortágua (BE) no TikTok e Rui Tavares (Livre) no Instagram destacaram-se pelo alto nível de alcance e engajamento nas plataformas digitais.

A pesquisa também evidenciou a presença generalizada dos partidos nas redes sociais, com destaque para plataformas como X (mais conchedido como Twitter), Instagram, Facebook, TikTok e LinkedIn, com a exceção sendo a CDU, que não possui presença no TikTok.

Maria Eça, Diretora de Assuntos Públicos da LLYC, comentou sobre a relevância da análise de dados digitais, destacando a importância de entender as preocupações dos cidadãos e como essas interações podem influenciar as narrativas políticas.

João Dias, consultor de Deep Learning e Data Scientist da LLYC, sublinhou que “tomar decisões informadas e baseadas em dados reais é cada vez mais uma exigência para os líderes políticos”.

Este estudo demonstra como a política digital e as plataformas de redes sociais têm moldado as discussões eleitorais, com temas como Economia e Saúde a ganharem um protagonismo inesperado, enquanto a ética política perde relevância.