
O Chega foi, pela primeira vez, o partido mais votado no círculo de Beja nas eleições legislativas de hoje, mas ainda assim só deu para reeleger um deputado, tal como PS e Aliança Democrática (AD).
Segundo os resultados provisórios oficiais da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI), o Chega conquistou 27,73% dos votos neste círculo eleitoral, mais 5,57 pontos percentuais do que nas legislativas de 2024 (22,16%), e venceu em oito dos 14 concelhos da região.
Apesar da vitória, este aumento do número de votos – conseguiu em termos absolutos no círculo de Beja 20.447, contra os 16.595 do ato eleitoral do ano passado – não se traduziu em mais mandatos e o Chega só reelegeu o seu deputado por Beja.
Nestas legislativas, o partido presidido por André Ventura apresentou como cabeça de lista Rui Cristina, de 45 anos, antigo militante do PSD e que, em 2024, foi eleito pelo Chega para a Assembleia da República pelo círculo de Évora.
No círculo de Beja, na segunda posição no ato eleitoral de hoje ficou o PS, com 26,49% dos votos, menos 6,10 pontos percentuais que nas últimas eleições, em que teve 32,59%, garantindo a eleição de Pedro do Carmo (também em 2024 tinha eleito um deputado).
Natural de Ourique e formado em Direito, Pedro do Carmo tem 53 anos e vai agora regressar ao parlamento, onde esteve entre 2015 e 2024, presidindo à comissão de Agricultura e Pescas entre 2022 e 2024.
Antes, entre 2005 e 2015, liderou a Câmara de Ourique, sendo o primeiro socialista a desempenhar o cargo.
Já a coligação AD, que junta PSD e CDS-PP, obteve 20,89% dos votos, mais 3,68 pontos percentuais do que os 17,21% de há um ano, e garantiu a reeleição de Gonçalo Valente.
Também natural de Ourique, Gonçalo Valente tem 44 anos e é licenciado em Agronomia, sendo vereador sem pelouros na câmara municipal deste concelho desde 2021.
Tal como em 2024, a CDU voltou a não eleger deputado por Beja, apesar de ter apostado no ex-autarca de Loures, Bernardino Soares.
A candidatura da coligação que junta PCP e PEV somou 13,56% dos votos, menos 1,89% que em 2024.
No ato eleitoral de hoje, o Livre conseguiu 2,10% dos votos, a Iniciativa Liberal alcançou 1,95% e o Bloco de Esquerda 1,85%.
As restantes oito forças políticas que se candidataram por Beja ficaram com valores abaixo de 1%.
Neste círculo eleitoral alentejano, onde votaram hoje 73.742 dos 118.320 eleitores inscritos, de acordo com os dados da SGMAI, o Chega venceu nos concelhos de Alvito, Almodôvar, Barrancos, Beja, Ferreira do Alentejo, Moura (onde obteve o seu resultado mais expressivo, com 36,71% dos votos), Odemira e Vidigueira.
Por sua vez, o PS foi o partido mais votado nos municípios de Aljustrel, Castro Verde, Cuba, Mértola e Serpa, enquanto a AD venceu em Ourique.
A diferença que mais ‘salta à vista’ entre estas eleições e as de há um ano atrás é que, nas anteriores, o PS tinha vencido em todos os 14 concelhos do distrito e, agora, a região já não ficou ‘pintada’ de rosa.
Segundo o portal da SGMAI, a votação de hoje neste círculo correspondeu a uma participação de 62,32% e a uma abstenção de 37,68%.
Em comparação com as legislativas de 2024, a abstenção aumentou 2,33%, tendo sido registados menos 3.252 votantes, ainda de acordo com os dados da SGMAI.
Beja é o distrito mais extenso do país e tem uma economia muito ligada à atividade agrícola e ao turismo.
Na região existem também duas minas em laboração, a de Aljustrel e a de Neves-Corvo, no concelho de Castro Verde, que produzem, sobretudo, cobre e zinco.