Mais do que coragem, para conseguir comer alguns destes pratos é preciso ter um estômago forte. É que uma francesinha com 5 kg, um panado dez vezes maior que o pão, uma sopa que leva o molho das tradicionais bifanas à moda do Porto ou um pudim com grelos, habitualmente um acompanhamento, não são para qualquer um. Conheça estes 4 pratos e petiscos para corajosos servidos no Grande Porto, que pode encontrar na coleção de livros “Portugal Autêntico”, editados pelo Expresso.
Picante e saborosa
Sopa com molho de bifana, Casa das Bifanas
A combinação é improvável e os mais céticos terão dúvidas sobre a sua harmonia, mas João Rebelo, um dos proprietários da Casa das Bifanas, em Valongo, garante que “é um produto simples” e muito saboroso. “Há crianças que não comem a sopa em casa e que comem a nossa sopa.” A ideia surgiu com naturalidade, partindo dos proprietários e de alguns clientes. “Porque não pôr um bocadinho do molho das bifanas na sopa?”, pensaram. O resultado foi tão bom que a sopa com molho de bifana tornou-se um sucesso. “O molho está sempre a apurar e dá um toquezinho picante à sopa, mas não a torna enjoativa”, afirma. Na base, está uma sopa caseira e “bem consistente” com repolho, cebola, alho, azeite, batata, feijão e outros ingredientes de qualidade. Na hora de servir, perguntam aos clientes se querem com ou sem molho. “Tem de ser a parte mais consistente do molho, com um bocadinho de bifana. Não pode ser a parte mais fina.” Hoje, a par das bifanas no pão e das codornizes mergulhadas em molho de bifana, a sopa é um dos pratos fortes da casa, com adeptos de vários pontos do país. “As pessoas pedem porque é aconchegante”, refere João. E contra factos não há argumentos.
Avenida Primeiro de Maio, 115, Valongo. Tel. 224225846
Petisco noturno
O maior panado, Tasca do Luís
É feito com um bife que pesa entre 180 e 200 g. A carne, deste que é o maior panado de Portugal, é “temperada com um molho especial que não revelamos” e depois passado por ovo, farinha e pão ralado, explica Zaíra Bosco, proprietária da Tasca do Luís, localizada no Porto. Os clientes batizaram o panado como “A4”, uma vez que a dimensão desta especialidade se assemelha muito com a folha de papel mais usada no mundo inteiro. É servido num pão, de dimensões normais que, diz a proprietária, “serve para segurar o panado e não sujar as mãos”. Diz ainda Zaíra Bosco que “não me lembro de ninguém o deixar a meio”, justificando o apetite dos comensais com a hora a que habitualmente é servido, noite dentro, já que a Tasca do Luís só abre das 22h00 às 8h00 e é procurada “por quem sai das discotecas e dos bares, cheio de fome”. O sucesso deste panado de dimensões bastantes generosas deu origem a um novo espaço, para possibilitar a quem não sai à noite a degustação do “A4” (€4). A nova loja abriu no final de janeiro na rua das Oliveiras e funciona das 16h00 à 01h00. Além dos panados, há outras especialidades disponíveis. Por noite “vendemos entre 500 e 600 panados e coxinhas do Brasil”, remata.
Rua da Madeira, 222 e Rua das Oliveiras, 67, Porto. Tel. 914832081
Prato de gigante
Mega Francesinha, Verso em Pedra
É tão grande que, em quase 20 anos, somente quatro pessoas conseguiram vencer o desafio da “Mega Francesinha” lançado pelo restaurante Verso em Pedra, no Porto. Em apenas 60 minutos, quem aceitar o repto, tem de conseguir comer uma “Mega Francesinha” com cerca de 5 kg. Tem, como ingredientes, três bifes de novilho, seis hambúrgueres, três linguiças, três salsichas frescas, três camadas de seis fatias de fiambre e igual número de fatias de queijo e ainda cogumelos frescos salteados. A estes, diz Elisabete Sousa, do restaurante Verso em Pedra, juntam-se “seis fatias de lombo de porco, três peitos de frango e seis fatias de bacon”. Mas há mais, avisa Elisabete, porque “para finalizar a Francesinha, adiciona-se ainda pepperoni, chouriço picante, e depois, cobre-se com seis fatias de pão, 12 fatias de queijo e três ovos”. Leva três malaguetas no topo, como decoração, e, caso a fome aperte, podem ser servidas batatas fritas à parte e uma dose reforçada de molho. Custa €50, mas em caso de vitória, há €200 de prémio e o nome do corajoso é inscrito na parede do restaurante. Naturalmente, a “Mega Francesinha” pode ser partilhada, mas se assim for, não conta para o desafio, nem dá direito a prémio.
Rua da Arménia, 16, Porto. Tel. 222084837
Grelo de nabo feito sobremesa
Pudim de grelos, Stramuntana
Foi em 2018, na Festa do Grelo de Macedo de Cavaleiros, quase em simultâneo com o Entrudo Chocalheiro, onde o grelo de nabo é “rei e senhor” em todos os pratos, da entrada à sobremesa, que Lídia Brás, chef transmontana, teve uma “inspiração de inverno”. “Num cenário de ruidosos Caretos mascarados e campos matizados de verde, ainda com alguma geada a pintar as folhinhas dos grelos pela manhã, pensei para comigo: “porque não uma sobremesa?” Começou a “magicar como podia ser feito o Pudim de grelos e resultou nesta receita”, conta. Os legumes são “cozidos normalmente, cortados muito pequeninos antes de acrescentar o açúcar, depois o caramelo salgado e o azeite transmontano, o que equilibra e corta a acidez”, explica. Incomum, a sobremesa integra a carta do Stramuntana, restaurante em Vila Nova de Gaia onde se elogia e homenageia o rico receituário desta região, entre ingredientes e pratos tradicionais. Dos cuscos ao Cozido transmontano, do azedo aos pratos de caça, com destaque para o javali e o corço, e novas abordagens, respeitando o ciclo das estações. Servido à fatia, o Pudim de grelos é ideal para rematar.
Rua de Soares dos Reis, 903, Vila Nova de Gaia. Tel. 934879228