A estação televisiva norte-americana ABC News concordou este sábado pagar 15 milhões de dólares (14,2 milhões de euros) à biblioteca presidencial do Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, para dirimir um processo de difamação.

O processo judicial em causa prende-se com a afirmação incorreta do 'pivot' George Stephanopoulos, feita no ar, de que Trump tinha sido considerado civilmente responsável pela violação da jornalista e escritora E. Jean Carroll.

Segundo os termos do acordo, divulgados este sábado, a ABC também colocará uma nota no seu 'site' da Internet a lamentar a afirmação do jornalista, feita num segmento de 10 de março do programa "This Week", de Stephanopoulos, e pagará um milhão de dólares em honorários ao advogado de Trump.

Em comunicado, a ABC News afirmou: "Estamos satisfeitos por as partes terem chegado a um acordo para encerrar a ação nos termos previstos no arquivamento judicial".

Trump processou Stephanopoulos e a ABC por difamação dias depois de o 'pivot' ter afirmado, durante uma entrevista à congressista republicana da Carolina do Sul Nancy Mace, que Trump tinha sido "considerado culpado de violação", o que deturpou os veredictos dos dois processos de Carroll contra ele.

No ano passado, Trump foi considerado culpado de agredir sexualmente e difamar Carroll e foi condenado a pagar-lhe cinco milhões de dólares (4,76 milhões de euros). Em janeiro, foi considerado culpado de outras acusações de difamação e condenado a pagar a Carroll 83,3 milhões de dólares (79,3 milhões de euros). Trump apresentou recurso de ambos os veredictos.

Nenhum dos veredictos envolveu a constatação de violação, tal como definida na lei do Estado federado de Nova Iorque.

O juiz de ambos os casos, Lewis Kaplan, afirmou que a conclusão do júri foi que Carroll não conseguiu provar que Trump a violou "no sentido rigoroso e técnico de uma secção específica do Código Penal de Nova Iorque".

Kaplan sublinhou que a definição de violação ali utilizada é "muito mais restrita" do que a definição de violação utilizada na linguagem moderna comum, em alguns dicionários, em alguns estatutos penais federais e estaduais e noutra legislação.

O juiz declarou que o veredicto não significa que Carroll "não conseguiu provar que o senhor Trump a tinha 'violado', tal como muitas pessoas entendem normalmente o termo 'violação'. De facto, o júri considerou que o senhor Trump fez exatamente isso".