"2017 é, de uma vez por todas, o ano em que todos os portugueses terão um médico de família atribuído", disse António Costa no Parlamento, na abertura do debate que se seguia à aprovação das Grandes Opções do Plano do seu segundo ano como primeiro-ministro do governo socialista apoiado pela geringonça. Quando o governo socialista caiu, há cerca de um ano, havia porém muitos mais portugueses sem esses cuidados: eram 1.529.305 sem médico de família.
A promessa foi retomada por Luís Montenegro quando a AD tomou posse, em abril de 2024, e mais uma vez as expectativas marcadas para o horizonte de dezembro de 2025 foram goradas: apesar de uma tendência decrescente nos primeiros meses de mandato, havia no final de março 1.565.255 pessoas nesta situação, ainda que em parte isso se explique por um aumento do número de pessoas inscritas nos centros de saúde (mais 121 mil entre fevereiro de 2024 e fevereiro de 2025) e pela saída de médicos para a reforma ou para o privado.
Falta de profissionais, fuga para o privado, urgências a funcionar em intermitência, poucos meios para exercer a profissão são alguns dos sintomas de um SNS que continua em crise profunda. E atirar dinheiro para cima do problema não tem resolvido nada. "Os recursos para a saúde têm aumentado brutalmente: nos últimos oito anos, o orçamento atribuído subiu 73% em termos nominais" vinca João Duque.
Então o que pode resolver? Uma melhor gestão dos recursos é parte do caminho, mas há mais medidas possíveis. "Por exemplo, não há coragem de reestruturar o sistema e dizer que se fecha unidades, de acordo com a alteração demográfica que o país vive, utilizando outras soluções." Recorrer a um verdadeiro e integrado serviço de saúde, contando com oferta pública, privada e social poderia ajudar, acredita o economista. Mesmo porque "a população com mais de 65% aumentou quase 20% nos últimos anos e isso era previsível. Mas os políticos não o previram nem anteciparam medidas para colmatar o problema", lamenta, no novo episódio do podcast Acerto de Contas, do SAPO, em que explica a economia por trás das promessas eleitorais sobre a Saúde, responde às dúvidas e no final aponta o "pecado capital" e a "subida aos céus" naquilo que são os caminhos desenhados para uma solução.
Em seis episódios, o Acerto de Contas aborda seis temas-chave na campanha às Legislativas 2025e que vão marcar a governação após as eleições de 18 de maio. Além da habitação e da saúde, estarão em cima da mesa a imigração e os rendimentos dos portugueses, mas também a importância das contas certas e o crescimento do país.
Já amanhã, não perca o terceiro episódio do Acerto de Contas, focado na crise da imigração. Deve deixar-se as portas abertas a todos porque precisamos de pessoas para aqui viver e trabalhar ou é preciso controlar quem entra? Veja tudo aqui no SAPO ou no Spotify.
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