
O presidente do Chega pediu esta terça-feira a demissão da ministra da Saúde, na sequência do caso da grávida que passou por vários hospitais e acabou por perder o bebé após o nascimento.
André Ventura afirmou que a anterior ministra da Saúde, Marta Temido (PS), "demitiu-se por menos do que isto". "Continuamos a ver um espetáculo sofrível desta ministra da Saúde todos os dias, seja de grávidas que têm os filhos à porta do hospital, seja de urgências que estão fechadas, agora uma morte, mais uma, associada à falha dos serviços de saúde", constatou.
Para André Ventura, já não basta apenas assumir a responsabilidade. Devia começar por "resolver um problema já, que era sair e deixar alguém com a responsabilidade de governar o Ministério da Saúde", pois "continuam a morrer seres humanos".
"Sem querer criar nenhuma dessintonia, há uma pergunta que gostava mesmo de fazer: se tivesse sido um destes imigrantes que chegou agora a Portugal a precisar do serviço de saúde, será que também tínhamos falhado?", questionou o líder do Chega.
Segundo André Ventura, tem-se assistido a "quem chega agora do Bangladesh, do Paquistão, de onde seja, passar à frente de quem cá está e ter tratamentos privilegiados sobre quem cá está".
De visita a um bairro social, em Leiria, que nasceu para acolher os retornados das ex-colónias portuguesas, André Ventura recebeu das mãos de um antigo combatente uma carta, na qual diz que o Estado o vetou ao abandono. "Um ex-combatente que foi completamente abandonado pelo seu país", criticou o líder do Chega, que considerou ser uma "situação embaraçosa para Portugal".
Na semana em que se discute no parlamento a imigração, nacionalidade e controlo de fronteiras, é preciso "garantir que aquelas pessoas não são esquecidas", reforçou, ao criticar que, nos últimos anos, se tenha optado por "dar prioridade a todos os que estavam a chegar de fora e esquecido pessoas como estas que aqui vivem há anos, portugueses, nascidos naquilo que era o território português".
"É tudo, como o Governo costuma dizer, para os novos imigrantes e nós estamos profundamente em desacordo com isso", sublinhou.
Nos próximos dias, André Ventura espera chegar a um consenso entre o Chega e o PSD na matéria da nacionalidade e da imigração, para que, na sexta-feira, dia da votação se possa "avançar em alguma matéria, que seja de controlo de fronteiras, que seja de controlo de imigração".
A perda de nacionalidade em caso de cometimento de um crime é também um ponto fundamental para o Chega, que discorda dos 10 anos. "Se alguém é condenado por terrorismo, tendo-se tornado português, que sentido faz que continue a ser português?", questionou.
A regra terá de ser "aplicável a todos, todos, todos, como diz o primeiro-ministro".
"Queria instar o Governo a acelerar este passo até sexta-feira, porque com grande probabilidade estes diplomas terão fiscalização constitucional e demorarão a entrar em vigor. Todos percebemos que no caos em que o país está não pode perder mais tempo. Temos de ser capazes de decidir rápido sobre esta matéria", reforçou.
O Chega apresentou propostas alternativas à questão do Imposto sobre Rendimentos Singulares (IRS), depois do Governo ter apresentado a sua proposta, que André Ventura espera conseguir chegar a acordo.
Para o Chega, deve haver um alívio fiscal do IRS que "se sinta em quem ganha menos e na classe média, em vez de se sentir nos que ganham mais".
Sobre a não apresentação da declaração de rendimentos do primeiro-ministro, Ventura considerou que a atitude de Luís Montenegro "gera suspeita e instabilidade política". "Um primeiro-ministro que não quer que se conheça à sua declaração de rendimentos ou a sua declaração de património, quando disse (...) que ia ser o primeiro-ministro mais transparente da história do país, é um primeiro-ministro que nos deixa com suspeitas sobre a sua conduta. Quem está na vida pública tem de ser transparente", declarou.
Com Lusa