
O jovem empresário, rosto conhecido da juventude social-democrata madeirense, António Gonçalves, prepara-se para avançar com uma candidatura independente à presidência da Câmara Municipal de São Vicente. O DIÁRIO sabe que o anúncio está iminente e deverá agitar ainda mais as já turbulentas águas da política do concelho, depois do candidato ter sido afastado da corrida interna do PSD.
Agora, num movimento próprio, a sua equipa está montada e tem peso. O antigo vice-presidente da JSD-Madeira reúne à sua volta uma formação composta maioritariamente por elementos da actual vereação, ou seja, figuras com experiência de governação e ligação directa ao quotidiano municipal. Entre os nomes que integram o seu projecto destacam-se Paulo Santos, Rosa Castanho e Joana Santos, todos com funções de relevo na estrutura que ainda governa São Vicente.

Paulo Santos, actual chefe de gabinete do presidente José António Garcês, é uma das figuras-chave deste novo projecto político.

Já Rosa Castanho, é uma das vereadoras mais visíveis, tendo na sua alçada áreas estratégicas como Educação, Cultura, Ambiente, Agricultura, Transportes e Energia.

Por sua vez, Joana Santos, assume pastas sociais e vitais para a população, tais como: Desenvolvimento Social, Juventude, Desporto, Águas e Saneamento.
Este movimento político surge, assim, num contexto de tensão interna no seio do PSD de São Vicente, cuja liderança autárquica está em fase de transição. Com o actual presidente, José António Garcês, a concluir o seu último mandato, o processo de escolha do novo candidato social-democrata tem sido marcado por divergências.
Em Abril, o DIÁRIO dava conta do ambiente de instabilidade no seio do PSD local, provocado pela indefinição em torno da sucessão do autarca. Na altura, dois nomes surgiam como potenciais candidatos: António Gonçalves e Fernando Góis, actual vice-presidente da Câmara. Numa fase inicial, o jovem António Gonçalves foi mesmo apontado como o nome preferido para liderar a candidatura social-democrata. Porém, a escolha acabou por recair sobre Fernando Góis, numa decisão pessoal do presidente do PSD-Madeira, Miguel Albuquerque.

"Não vi, à semelhança do que foi feito na Ribeira Brava, e bem, a mesma diplomacia e a mesma abertura do partido para São Vicente, e isso diz bem do que representa o concelho em termos de expressão ou peso político", chegou a afirmar António Gonçalves, durante um contacto do DIÁRIO, numa crítica directa à direcção liderada por Miguel Albuquerque.
Ainda no mês passado, o próprio José António Garcês veio a público defender uma candidatura conjunta de união entre os dois potenciais líderes. "O ideal na minha opinião era o Fernando ir em primeiro e o António ir em segundo. Digo-o com toda a frontalidade porque não sou de enviar recados por ninguém. Acabavam os problemas e teríamos uma solução política para 24 anos", afirmava.

Assim, sem espaço na candidatura do PSD, António Gonçalves, actualmente membro da Assembleia Municipal de São Vicente e, apontado por muitos como o nome natural para liderar o partido no concelho, opta por não recuar. Pelo contrário, avança com um movimento próprio, com base local e o apoio de elementos-chave da actual equipa autárquica.
E, apesar de ainda não ter confirmado publicamente a sua candidatura - o DIÁRIO contactou-o mais do que uma vez - as suas recentes declarações, publicadas na edição impressa de 3 de Junho, deixam pouco espaço para dúvidas. "Não negoceio São Vicente, nem lugares, mas há gente que o faz. Primeiro está São Vicente", afirmou.
