Já nesta semana foram publicados resultados de uma investigação científica apontando preocupação com uma nova estirpe do vírus responsável pela gripe das aves, capaz de se propagar pelo ar e, como tal, de ser transmitido a mamíferos, incluindo humanos (leia aqui). Agora chega à imprensa internacional a confirmação.
O primeiro caso de infeção humana pela nova estirpe do vírus foi detetado numa criança que viajou da Índia para a Austrália em março, tendo sido diagnosticada com uma "infeção severa", da qual recuperou entretanto, não tendo sido identificados outros casos de gripe das aves em humanos, relata o The Guardian. O jornal adianta ainda que o vírus foi detetado graças ao sistema público de vigilância de doenças de Victoria, onde os casos positivos de gripe são encaminhados para testes adicionais, de forma a identificar formas novas e preocupantes que o vírus possa adquirir.
Depois da pandemia que fechou o mundo em 2019, as autoridades têm seguido de perto todos os casos de variantes da gripe que surgem. E estão preocupadas com a nova variante do H5N1, que se tem espalhado por mamíferos com casos registados em gado e outros animais em todo o mundo, levando os departamentos de saúde locais a monitorizar a situação. Ainda que não houvesse ainda evidência nesse sentido, os peritos temiam já, relata a Forbes, que o vírus pudesse sofrer uma nova mutação e eventualmente afetar humanos com gravidade.
Ontem essas suspeitas foram confirmadas com a identificação do primeiro caso desta nova estirpe em humanos, oficializado pelo departamento de Saúde de Victoria, na Austrália. "O caso recentemente relatado foi o de uma criança que regressou do estrangeiro em março de 2024. A criança sofreu uma infeção grave, mas já recuperou totalmente", lê-se no relatório daquela instituição. "Não há evidências de transmissão em Victoria e a probabilidade de casos adicionais em seres humanos é muito baixa, uma vez que a gripe aviária não se espalha facilmente entre as pessoas", acrescenta ainda o relatório.
No mês passado, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançara já um alerta após tomar conhecimento de uma nova estirpe de gripe aviária detetada em concentrações muito altas no leite cru de animais infetados. "É importante que as pessoas garantam práticas alimentares seguras, incluindo o consumo apenas de leite pasteurizado e produtos lácteos", alertou então a OMS, explicando que o vírus estava já a infetar presente em vacas, cabras e outros mamíferos terrestres e marinhos.
A organização registou, em todo o ano passado, um total de 248 casos de infeção de humanos com o H5N1, dos quais 193 foram fatais. Todos os casos ocorreram na região do Pacífico, onde também há registo de 90 resultados laboratoriais a confirmar casos de H5N6 em humanos, já em janeiro deste ano, e outros três de infeção por H3N8.