Os mais de 40 bolseiros já apoiados são poucos para a ambição desta associação, criada para dar asas a crianças e jovens com poucos recursos, talento de sobra e um sonho por cumprir. E por isso, as candidaturas às Bolsas de Estudo Sara Carreira abriram neste mês, pelo quarto ano consecutivo, permitindo a quem tenha entre 12 e 21 anos e cumpra três critérios basilares — ter talento e/ou desempenho académico, uma condição socioeconómica frágil e uma atitude de compromisso e vontade de ganhar capacitações — a possibilidade de realizar um sonho. Até dia 31, a associação está a receber as candidaturas de acordo com as regras explicadas no site, para concretizar aquela que é já a sua quarta edição, continuando a apoiar a formação destes jovens na sua área de estudos de escolha, mas também garantindo-lhes a ajuda prestada por uma rede de mentores que está a engordar.
Em entrevista ao SAPO, a porta-voz da Associação Sara Carreira, Anabela Fonseca, explica por que razão estas bolsas se distinguem.
Esta é já a quarta edição da Bolsa Associação Sara Carreira. Que saldo faz do percurso conseguido a apoiar jovens com poucos recursos a cumprir sonhos que lhes garantam um futuro?
É muito gratificante para toda a equipa da associação perceber a capacidade que as Bolsas de Estudo Sara Carreira têm de mudar a vida destes jovens. Sem esta bolsa, sem o apoio que recebem, não chegariam lá ou teriam muito mais dificuldades em atingir os seus sonhos. Sejam eles ser bailarino, tocar violino, ser médico, arquiteto ou advogada. Desde que as bolsas arrancaram, no ano letivo 2021/2022, já apoiámos 42 bolseiros e o balanço é este sentimento de termos criado uma família.
E como é que funciona, quais são os critérios?
O apoio que oferecemos destina-se a jovens dos 12 aos 21 anos, de todas as áreas, em território nacional, que têm um sonho mas que, por dificuldades socioeconómicas, não o conseguem concretizar. A candidatura está sujeita a um escrutínio por um júri multidisciplinar que nos garante a necessidade de apoio do candidato, mas felizmente temos vindo a receber apoios de vários mecenas, parceiros, beneméritos e amigos da ASC que nos dão garantias de continuidade. As candidaturas devem ser feitas através do nosso site, até 31 de maio do corrente ano.
O que diria para convencer um jovem que não acredita que vale a pena a candidatar-se?
O que podemos dizer é que esta bolsa mudou e está a mudar a vida a mais de 40 jovens, por isso sem dúvida que vale a pena. Tentar sempre! Nunca desistir dos sonhos.
Tem havido um efeito de contágio de instituições e novos mentores que querem juntar-se à iniciativa?
Ainda esta semana recebemos dois novos contactos de pessoas que, proactivamente, se dirigiram à associação, oferecendo-se como voluntários para acompanhar os nossos bolseiros. Isto é muito importante para nós, porque é o reconhecimento da utilidade e da relevância do trabalho que estamos a fazer. Estes mentores, chamamos-lhe assim, estes padrinhos ou madrinhas são fundamentais no desenvolvimento destes jovens e aproveito desde já para deixar aqui um agradecimento a todos.
Que valor foi já investido pela associação neste projeto solidário?
A associação é uma organização sem fins lucrativos, reconhecida como entidade de utilidade pública em finais de dezembro de 2022. Como entidade da economia social, a sua atuação está dependente dos apoios que recebe. Sem mecenas, parceiros, beneméritos e amigos da ASC, não podemos apoiar os nossos jovens. Os apoios são analisados e variam consoante a necessidade que cada bolseiro, sendo que as propinas são sempre asseguradas pela ASC, mas temos ainda bolseiros deslocados; e nestes casos a própria associação suporta o custo da habitação. E temos ainda outros apoios.
Mas quanto pode representar cada bolseiro?
O custo de cada bolseiro varia, podendo ir até aos 7 mil euros por ano. Felizmente, os nossos mecenas, beneméritos e amigos da ASC têm dado o seu apoio, assim como outros parceiros na área da saúde, por exemplo. Mas acreditamos que, para além do apoio financeiro, o que distingue a Bolsa de Estudos Sara Carreira são os valores que queremos passar aos nossos bolseiros. Os valores da família, da interajuda, da responsabilidade, da credibilidade e do compromisso. Esta é a herança que a Sara nos deixou e que queremos transmitir aos nossos jovens.
Há já bolseiros que se tenham tornado padrinhos/madrinhas? Existe essa perspetiva?
Neste momento ainda não. São todos muito jovens e a associação tem três anos... No entanto, é passado sempre que possível aos que estão, estiveram ou venham a estar connosco que, no futuro, podem vir a tornar-se padrinhos ou madrinhas, já que eles próprios foram bolseiros.
Há algum caso de um bolseiro que a tenha marcado especialmente?
Todos eles nos tocam de alguma forma. A mim pessoalmente, mas também à equipa da associação, que os acompanha todos os dias, bem como à família, porque têm um contacto próximo com todos. Alguns têm histórias de vida dramáticas e quando nos dão aquele sorriso, aquele abraço, sabemos que iremos recordá-los para sempre. Sabemos que fizemos a diferença nas suas vidas e que nos tornámos uma verdadeira família.