O eurodeputado português Pedro Silva Pereira foi eleito esta terça-feira em terceiro lugar como vice-Presidente do Parlamento Europeu (PE), cargo partilhado com outros 14 eurodeputados, com 517 votos dos 691 eurodeputados que participaram no sufrágio.
"Para a família socialista este é um excelente resultado", disse Pedro Silva Pereira aos jornalistas em Estrasburgo após o resultado anunciado pela também hoje eleita presidente do PE, a maltesa Roberta Metsola.
"O S&D consegue eleger todos os seus cinco candidatos à primeira volta", comentou. "Fui reeleito vice-presidente e vejo nisso um reconhecimento internacional que é muito importante pessoalmente e para o país, porque é uma função de prestígio para Portugal", acrescentou.
Questionado pelos jornalistas a propósito da eleição da conservadora Roberta Metsola - do Partido Popular Europeu (PPE) - como presidente da instituição, Pedro Silva Pereira desvalorizou a sub-representação momentânea dos socialistas nas instituições comunitárias. Atualmente, a democrata-cristã (PPE) Ursula von der Leyen está à frente da Comissão Europeia e o liberal belga Charles Michel, do Renovar a Europa (RE), lidera o Conselho Europeu.
"Fazia parte do acordo de distribuição de funções nas instituições europeias, no início deste mandato, que a primeira parte da legislatura, a Presidência do PE caberia aos socialistas (S&D) e a segunda ao PPE. É isso que se confirma nesta eleição e há um período em que há uma sobrerrepresentação do PPE nas instituições europeias", admite o eurodeputado.
"Dentro do PE, é uma lógica diferente, porque nós escolhemos os vice-presidentes por voto secreto e naturalmente o peso relativo das diferentes políticas manifesta-se até porque o S&D é o maior grupo político", concluiu o terceiro vice-presidente.
Dos 16 vice-presidentes eleitos, seis são da família dos Socialistas e Democratas (S&D, à qual pertence a delegação do PS), três do PPE, três do grupo Renovar a Europa (Liberais), um do Reformistas e Conservadores Europeus (ECR), um da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde e um do Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia.
Silva Pereira eleito em terceiro lugar
O austríaco Othmar Karas (PPE) foi quem reuniu maior número de votos (536), seguido da italiana Pina Picierno (S&D) com 527 e Silva Pereira (S&D) com 517, um resultado pior do que o de há dois anos e meio quando ficou em segundo lugar.
Ewa Kopacz (Plataforma Cívica, com 467), Eva Kaili (S&D, com 454), Evelyn Regner (S&D, com 434), Rainer Wieland (PPE, com 432), Katarina Barley (S&D, com 426) e Dita Charanzová (RE, com 406) foram os restantes membros eleitos na primeira ronda de votação.
Na segunda ronda, Michal Šimečka (RE, com 494), Nicola Beer (RE, com 410) e Roberts Zīle (ECR, com 403) foram os escolhidos para o cargo.
Na terceira e última ronda, elegeram-se Dimitrios Papadimoulis (da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde, com 492 votos) e Heidi Hautala (Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia, com 384).
A eleição para a vice-presidência do PE processou-se por escrutínio secreto e aconteceu, desta vez, por via remota por causa do aumento de casos de COVID-19 na Europa face à expansão da variante ómicron.
Eurodeputado desde 2014
O socialista Pedro Silva Pereira foi eleito pela primeira vez deputado ao PE em 2014 e foi reeleito para um segundo mandato nas eleições europeias de 2019. Era, desde então, segundo vice-presidente do PE, sendo responsável, entre outras, pelas pastas do Orçamento, Democracia e Iniciativa da Cidadania Europeia.
Após a morte do antigo presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, Pedro Silva Pereira chegou ainda a assumir funções como presidente interino da instituição.
Nascido em 1962, Pedro Silva Pereira é mestre em Direito pela Faculdade de Direito de Lisboa (Universidade de Lisboa), onde também se licenciou em Direito (Ciências jurídico-Políticas). Em Portugal, foi Ministro da Presidência (2005-2011) e Secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza (1999-2002). Foi também Deputado do Partido Socialista na Assembleia da República (2002-2014).
Jurista, jurisconsulto e advogado, é docente universitário, sendo assistente da Faculdade de Direito de Lisboa.
Passou brevemente pelo jornalismo, como colaborador do jornal Expresso (1986) e, mais tarde, como Editor Executivo de Informação da TVI (1992-1996). Militante do Partido Socialista, pertence à Comissão Política Nacional do Partido Socialista desde 2004, tendo sido também membro da respetiva Comissão Nacional e do Secretariado Nacional (2004-2011).
O jornalista Nuno de Noronha está em Estrasburgo a acompanhar a sessão plenária.
Notícia atualizada às 20h01 com os resultados da segunda ronda de votações para a vice-presidência do Parlamento Europeu.