A parceria transatlântica entre a União Europeia (UE) e os Estados Unidos da América (EUA) é mais do que uma relação comercial. É uma aliança construída com base em laços profundos, valores partilhados e uma prosperidade mútua. Esta aliança está hoje a ser irresponsavelmente desestabilizada pelas ameaças tarifárias erráticas da administração Trump.

Inicialmente foram anunciadas tarifas, alegadamente recíprocas, de 10% para vários países e 20% para a UE. Mas, à medida que o processo negocial tem avançado, Trump já veio ameaçar aumentar as tarifas sobre os produtos europeus para 50%, com entrada em vigor prevista para início de julho. Apesar de a Comissão Europeia já ter sido bem-sucedida na negociação de suspensões e adiamentos, este tipo de ameaças mina a confiança e a estabilidade numa das relações económicas mais importantes do mundo.

Sejamos claros: as tarifas não beneficiam ninguém. Afetam consumidores europeus e americanos, prejudicam a indústria de ambos e enfraquecem a economia global. A UE não pode — e não vai — aceitar uma relação comercial baseada na intimidação. A nossa resposta será proporcional, equilibrada e sempre em conformidade com as regras da Organização Mundial de Comércio (OMC). Mas o nosso objetivo não é escalar, é dialogar!

Tal como em 2018, a UE deve trazer os EUA de volta à mesa das negociações. Temos de defender o Mercado Único — o nosso instrumento económico mais poderoso — e usar a sua dimensão como alavanca para as conversações. A unidade europeia é fundamental. Só com uma abordagem firme e coordenada poderemos proteger os interesses europeus e restaurar um diálogo construtivo com Washington. Para garantir a força estratégica e a resiliência da Europa no longo prazo, o Grupo do Partido Popular Europeu (PPE), do qual o PSD faz parte, defende um caminho assente em três pilares:

Primeiro, remover barreiras e harmonizar regras para potenciar o Mercado Interno — o FMI estima que as ineficiências no mercado interno geram custos equivalentes a tarifas de 45% na indústria transformadora e a impressionantes 110% nos serviços. As empresas continuam a deparar-se com regras distintas na cobrança de IVA, divergências na aplicação dos regulamentos de proteção de dados e falta de reconhecimento mútuo de vários tipos de certificações. Estas barreiras enfraquecem a nossa competitividade a partir de dentro. Uma Europa mais integrada é uma Europa mais forte.

Segundo, expandir a nossa rede de comércio global concluindo os acordos com o Mercosul e o México, e acelerando negociações com parceiros estratégicos como a Índia, a Indonésia e outros. Enquanto os EUA se voltam para dentro, a Europa não pode esperar autorização de Washington para liderar o comércio internacional.

Terceiro, a Europa deve assumir a liderança na reforma da OMC. As táticas de Trump estão a minar esta organização e o próprio princípio do comércio baseado em regras comuns. Não permitiremos que o princípio da Nação Mais Favorecida seja descartado de forma leviana. Reformar o sistema de resolução de litígios da OMC é essencial para restaurar a confiança e a justiça no comércio mundial.

Estando em risco 865 mil milhões de euros em trocas comerciais UE-EUA, não podemos ceder à complacência. A UE exporta bens importantíssimos para os EUA, como medicamentos, maquinaria industrial e veículos — e, em contrapartida, importa outros igualmente essenciais. A saúde das nossas economias está interligada. Enfraquecer esta relação seria um ato de autossabotagem mútua.

O Grupo PPE mantém-se firme na proteção dos empregos europeus, na defesa dos nossos princípios e em trabalhar incansavelmente para preservar a aliança transatlântica. Temos de construir um futuro baseado no comércio global aberto, justo e estável. Escolhamos a cooperação em vez da confrontação. E a liderança em vez da provocação.