Os bancos com actividade na Madeira tinham concedido no final do 1.º trimestre de 2025 um total de quase 1.769 milhões de euros às empresas madeirenses e mais de 3.087 milhões de euros às famílias e instituições sem fins lucrativos ao serviço das famílias, tendo diminuído em 3,4% e aumentando em 5,7%, respectivamente os valores alocados a financiar a actividade económica e a vida das pessoas. Comparativamente ao período homólogo esse é um comportamento que se pode considerar peculiar, sobretudo tendo em conta que a actividade económica corre de feição, mas o financiamento bancário actua em contraciclo.

"Segundo os dados disponibilizados pelo Banco de Portugal, no final do 1.º trimestre de 2025, o saldo do volume de empréstimos concedidos a sociedades não financeiras (SNF) era de 1,8 mil milhões de euros, menos 62,6 milhões de euros (-3,4%) que no final de Março de 2024 e menos 0,9 milhões (-0,1%) que em Dezembro de 2024", refere a DREM. Por outro lado "no sector das famílias e das Instituições sem Fins Lucrativos ao Serviço das Famílias (ISFLSF), assistiu-se a um aumento de 167,7 milhões de euros (+5,7%) em termos homólogos no saldo dos empréstimos concedidos, cifrando-se este nos 3,1 mil milhões de euros no final do 1.º trimestre de 2025. Quando comparado o saldo actual com o do trimestre precedente, observa-se um aumento, de cerca de 56,1 milhões de euros (+1,9%). Ao detalhar-se a análise, verifica-se que 74,5% daquele saldo era referente ao segmento da habitação e os 25,5% restantes ao consumo e outros fins", afirma a Direcção Regional de Estatística que acaba de sintetizar a informação divulgada há poucos dias.

Quanto aos rácios de crédito vencido das sociedades não financeiras e das famílias, estão muito próximas. Portanto não será por essa razão que uma desce o crédito a outra sobe.

Nas sociedades, o também denominado 'malparado' "aumentou face ao final de 2024, com uma variação de +0,1 pontos percentuais (p.p.), fixando-se em 0,8% no final do período de referência. Em comparação com o trimestre homólogo, registou-se, contudo, uma redução de 0,3 p.p.", salienta a DREM. E acrescenta: "A nível nacional, este indicador fixou-se nos 1,9% no final do 1.º trimestre de 2025, aumentando face ao trimestre anterior (+0,1 p.p.) e diminuindo em termos homólogos (-0,1 p.p.). O montante de crédito malparado no âmbito das sociedades não financeiras, com sede na Região, situava-se, no período em referência, nos 14,7 milhões de euros (+2,2 milhões de euros que em Dezembro passado e -4,6 milhões de euros face a Março do ano anterior)", afirma.

Já nas famílias e ISFLSF, entre Janeiro e Março, o rácio de crédito vencido "era de 0,9%, +0,1 p.p. em termos homólogos, mas permanecendo idêntico quando comparado com o final de 2024. No segmento da habitação mantém-se no mínimo histórico de 0,2% (tal como no País), enquanto no segmento do crédito e outros fins ascendeu aos 2,7%, 0,2 p.p acima do valor nacional. Em termos homólogos, estes rácios variaram em -0,1 p.p. e +0,2 p.p", calcula. "Relativamente aos empréstimos vencidos, os mesmos totalizavam 26,6 milhões de euros, 5,4 milhões de euros no segmento da habitação e 21,3 milhões de euros no consumo e outros fins. Em termos globais, a variação foi de +10,4% em termos homólogos", aponta a DREM. E acrescenta: "A percentagem de devedores (famílias e ISFLF) com empréstimos vencidos na RAM era, no final do 1.º trimestre de 2025, de 6,1% na RAM e de 7,4% em Portugal. Em comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, estas percentagens mantiveram-se inalteradas, tanto na Região como no País."

Calcula que "a percentagem de devedores do sector das SNF com empréstimos vencidos, no final de Março de 2025, era de 13,5%, valor abaixo da média nacional (14,1% no mesmo período). Face a Março de 2024, este indicador diminuiu 0,7 p.p. na Região e 0,4 p.p. no País", enquanto "o número de devedores do sector institucional famílias e ISFLSF cresceu face ao trimestre homólogo para os 103,3 mil (+1,8 milhares; +1,8%), dos quais 42,7 mil eram devedores com crédito à habitação (-0,2 milhares; -0,5%) e 87,7 mil com crédito para consumo e outros fins (+1,8 milhares; +2,1%)".

Estatísticas dos depósitos bancários retomados

Como novidade desta divulgação feita hoje, a DREM anuncia que, a partir deste trimestre, passa "a redifundir informação referente aos depósitos, desagregados por tipo de cliente (emigrantes, famílias e ISFLSF e SNF) e por mês, com início em Dezembro de 2018". E afirma que "entre o final de 2018 e o final de Março de 2025, os depósitos das Famílias, das SNF e dos emigrantes registaram evoluções distintas, refletindo dinâmicas económicas diferenciadas".

A explicação segue esta ideia: "As famílias apresentaram um aumento tendencial dos depósitos ao longo de todo o período, embora de forma não linear. Quando comparado o valor no final de cada ano com o homólogo, constatam-se crescimentos de 10,8% em 2019, 13,1% em 2020 e 19,1% em 2021, sendo este último o valor mais elevado do período. Em 2022 e 2023, dá-se um abrandamento do crescimento para 14,4% e 3,8%, respetivamente. No entanto, em 2024, os depósitos voltaram a crescer significativamente, aumentando 18,6%. No final de Março de 2025, os depósitos atingiram o valor mais elevado desde o início da série, ascendendo a 1.852,2 milhões de euros. Os crescimentos, homólogo e face a Dezembro do ano anterior, foram de 26,3% e 6,7%, respectivamente."

Já os "depósitos das SNF (4.330,9 milhões de euros em finais de Março de 2025) também seguiram uma trajetória tendencial de crescimento, mas mais irregular e de menor magnitude. A variação entre o final de 2018 e o final de 2019 foi de pouco significado (+0,2%), verificando-se uma aceleração em 2020 (+3,3%) e uma desaceleração em 2021 (+2,6%). Em 2022, o aumento foi de 7,2%, observando-se nova quebra em 2023 (+0,5%). Em 2024, observou-se o maior crescimento (+7,3%). Em Março de 2025, os incrementos, homólogo e face a Dezembro do ano anterior, foram de 6,0% e 1,0%, respetivamente", garante.

E, para destoar, "a evolução registada no sector dos emigrantes evidenciou uma tendência de diminuição ao longo do período em análise. Esta trajectória descendente foi, no entanto, marcada por fases alternadas de aceleração e desaceleração do decréscimo, com variações que oscilaram entre um máximo de queda de -23,1% em 2019 e um mínimo de -9,8% em 2020. No final de Março de 2025, o saldo de depósitos dos emigrantes fixou-se em 155,6 milhões de euros, o que representa uma redução de 9,5% face ao valor registado no final de Dezembro de 2024, enquanto em termos homólogos a diminuição foi de 19,1%", conclui.