
A coordenadora do Bloco de Esquerda defendeu este domingo que as propostas que constam do programa eleitoral do PS não contribuem "para baixar o preço das casas" e que "a matriz de intervenção é a dos benefícios fiscais".
"Não há medidas no programa [eleitoral] do Partido Socialista para baixar o preço das casas", afirmou Mariana Mortágua, em conferência de imprensa, esta manhã na sede nacional do partido, em Lisboa.
A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) acusa o partido liderado por Pedro Nuno Santos de insistir "exatamente nas mesmas propostas que arrastam" a crise da habitação "até hoje".
"Terão talvez um impacto daqui a 20 anos no mercado de habitação", mas "abandonam a população hoje", acusou.
A coordenadora bloquista alega que "a matriz de intervenção" em matéria de habitação "é a dos benefícios fiscais, que já se provou irrelevante, inconsequente, inútil e ineficaz".
E critica o PS por estar "desde 2017" a referir "que vai construir dezenas de milhares de casas", mas estas não saíram do papel.
Além da aposta na construção, que o BE considera um plano "importante", mas que "não resolve o problema a curto prazo", os bloquistas aplaudem os apoios às rendas, dado que "o mercado está completamente desregulado".
Contudo, tecem críticas à proposta socialista que prevê alargar o apoio à renda às famílias de classe média que tenham uma taxa de esforço elevada.
"Eu não posso querer que o plano de um partido para um país seja ter uma classe média que só consegue pagar uma casa com recurso a apoio à renda porque não consegue controlar o mercado", vincou a coordenadora bloquista.
"O apoio à renda é muito necessário, enquanto não houver medidas para controlar as rendas. Mas não nos enganemos: o apoio à renda é um subsídio do Estado à especulação imobiliária e às rendas altas", rematou.
Questionada sobre a medida do PS que visa rever a fórmula de cálculo para atualização de rendas, "incluindo a evolução dos salários nos critérios de atualização em anos com inflação superior a 2%, Mariana Mortágua admite que a medida pode ajudar a contribuir para abrandar a subida das rendas, mas que estas vão continuar a aumentar, dado que o que pressiona o aumento não é apenas a inflação, mas "os novos contratos".
O Bloco de Esquerda apresentou hoje seis medidas, que vão constar do seu programa eleitoral, para responder à crise da habitação, que incluem simplificar a lei do arrendamento, "dar poder aos inquilinos" para denunciarem contratos, garantindo que não haverá retaliações, e uma moratória à construção de novos hotéis.
Com Lusa