O presidente do PS, Carlos César, afirmou hoje que a próxima liderança socialista terá uma "tarefa difícil", frisando que lhe caberá reconciliar o partido com a cidadania, e pediu união aos militantes.

"São grandes as responsabilidades que cabem àqueles que terão a incumbência e o mandato democrático no PS de gerir os destinos do PS. Tarefas difíceis, de reconciliação não só com os militantes, com os eleitores, mas com a cidadania em geral, nas suas novas formas e nos seus novos exercícios", afirmou Carlos César.

O presidente do PS, que está a assumir interinamente o cargo de secretário-geral até ser eleito um novo líder, discursava na sede nacional do partido, em Lisboa, após José Luís Carneiro ter formalizado a sua candidatura à liderança do partido, com a entrega das subscrições necessárias e da moção estratégica.

Carlos César destacou o "sentido de responsabilidade e de serviço" de José Luís Carneiro ao apresentar uma candidatura "neste presente frágil", considerando que será "certamente um fator de unidade, de congregação de todos os socialistas".

O presidente do PS defendeu que o "PS precisa de se unir, sem prejuízo de essa união ser fundada num debate profundo e sério sobre o seu papel na sociedade portuguesa e sobre o papel que o PS aguarda e deseja para Portugal no seu interior e na sua relação externa".

"Não é uma tarefa fácil, nem uma decisão fácil, alguém candidatar-se à liderança do partido depois do que aconteceu no último ato eleitoral e com as debilidades que ficam naturalmente associadas a este momento menos feliz da nossa história eleitoral", frisou, acrescentando que a responsabilidade do futuro líder do PS é elevada, porque não será "dirigente nem militante de um partido qualquer".

Carlos César recordou o papel desempenhado pelo PS em datas históricas da democracia portuguesa, designadamente que foi "parte impulsionadora do 25 de Abril", que deu "o rumo à correção introduzida no 25 de Novembro", e que "lançou as bases do planeamento de médio prazo no país pós-25 de Abril".

"Fomos o partido que liderou e apresentou o pedido de adesão à Comunidade Económica Europeia (CEE) e que assinou o tratado de adesão de que hoje se comemoram os 40 anos", salientou, antes de aproveitar para deixar uma 'farpa' a Aníbal Cavaco Silva que, na altura, era líder do PPD/PSD.

"É bom lembrar que não fomos apenas o partido que assinou esse tratado, estando presente no Governo. Foi o partido que liderou, no plano político, a adesão portuguesa à CEE, perante a desconfiança que a direita alimentava em relação a esse desígnio", frisou.

Carlos César destacou que é muito importante registar, no dia em que se assinalam os 40 anos da assinatura do tratado de adesão à CEE, que houve quem tenha participado nessa ocasião com "alegria, entusiasmo e convicção".

"E outros o fizeram naturalmente por arrastamento e atrás da vontade liderante do PS", referiu.

Para Carlos César, com a apresentação da candidatura de José Luís Carneiro, é hoje dado "o primeiro passo" para restabelecer a normalidade institucional na gestão e direção do partido.

Carlos César defendeu a necessidade de o partido estar empenhado nas eleições autárquicas, nas quais "deve depositar todo o seu esforço, acolhendo socialistas e não socialistas, gente de bem, gente que preza a cidadania, que se compagina com os objetivos do PS.

"Nós queremos que estas eleições autárquicas representem cumulativamente a demonstração de que, em Portugal, a alternativa à AD é o PS e não forças populistas, extremistas ou radicais que minam a sociedade portuguesa", frisou.