Uma mulher que fugiu da Coreia do Norte para a China em 1997 e foi forçada a regressar ao país em 2008 apresentou uma ação judicial contra Kim Jong Un, devido aos abusos que sofreu após o seu retorno forçado. O processo deu entrada num tribunal em Seul, na Coreia do Sul, país onde reside desde 2012, após escapar novamente ao regime norte-coreano.

A mulher, Choi Min-kyung, de 53 anos, alega ter sido torturada e abusada sexualmente nos centros de detenção do regime liderado por Kim Jong Un. De acordo com a BBC, o processo nomeia o líder norte-coreano e outros quatro responsáveis.

Segundo o The Guardian, Choi Min-kyung apresentou uma queixa-crime, solicitando que os procuradores investiguem as acusações de crimes contra a humanidade cometidos pelo regime de Kim Jong Un. A mulher exige ainda uma indemnização ao Estado norte-coreano de 50 milhões de won (aproximadamente 30 mil euros).

O jornal britânico, que cita apoiantes do caso, refere que esta será a primeira vez que um cidadão norte-coreano que fugiu do país recorre aos tribunais sul-coreanos para responsabilizar o regime pelas violações dos direitos humanos.

Agressões sexuais, espancamentos e tortura prolongada

As queixas, a que o The Guardian teve acesso, detalham abusos graves sofridos por Choi, incluindo agressões sexuais, espancamentos e tortura prolongada. Entre os seus advogados está Lee Young-hyun, o primeiro advogado nascido na Coreia do Norte a exercer na Coreia do Sul, que também é um fugitivo do regime.

"Como vítima de tortura e sobrevivente do regime norte-coreano, sinto uma responsabilidade profunda e urgente de responsabilizar a dinastia Kim pelos crimes contra a humanidade", afirmou.

A mulher norte-coreana afirma que, apesar de terem passado 13 anos desde que se estabeleceu na Coreia do Sul, continua a sofrer de stress pós-traumático severo devido às sequelas da tortura, vivendo dependente de medicação.

O Centro de Dados para os Direitos Humanos na Coreia do Norte (NKDB) apoia o caso, que poderá abrir precedentes na justiça sul-coreana e servir de base para futuras ações coletivas contra o regime.

“Aquilo que desejo sinceramente é que este pequeno passo se torne uma pedra angular na restauração da liberdade e da dignidade humana, para que nenhum outro norte-coreano inocente sofra sob este regime brutal,” afirmou Choi Min-kyung, num comunicado do Centro de Dados, citado pela BBC.