O chefe de gabinete e alguns dos principais conselheiros do Presidente da Coreia do Sul "apresentaram a demissão" conjunta esta quarta-feira, depois de recuar na imposição da lei marcial, noticiou a imprensa local.
"Importantes colaboradores" de Yoon Suk-yeol, incluindo o chefe de gabinete, Jeong Jin-seok, apresentaram a demissão, disse a agência de notícias sul-coreana Yonhap, sem adiantar mais pormenores.
Minutos mais tarde, o gabinete de Yoon disse que os conselheiros e secretários presidenciais colocaram os lugares à disposição e acrescentou que o chefe de Estado adiou a agenda oficial desta manhã.
Entre eles estão o conselheiro de Segurança Nacional, Shin Won-sik, e o chefe do Gabinete de Políticas, Sung Tae-yoon, além de outros sete conselheiros.
Isto depois de, numa comunicação ao país na noite de terça-feira, Yoon impôs a lei marcial para "erradicar as forças pró-norte-coreanas e proteger a ordem constitucional" das atividades "anti-estatais", de que acusou o principal bloco da oposição, o Partido Democrático (PD).
Poucas horas depois, o Presidente suspendeu a lei marcial, depois de o parlamento da Coreia do Sul, a Assembleia Nacional, ter revogado a decisão, numa sessão plenária extraordinária convocada numa altura em que milhares protestavam nas ruas de Seul.
Oposição apresenta moção de destituição do Presidente
Seis partidos da oposição na Coreia do Sul apresentaram esta quarta-feira uma moção para a destituição do Presidente Yoon Suk-yeol.
O Partido Democrático (PD), que detém a maioria dos 300 lugares no parlamento da Coreia do Sul, e cinco outros partidos iniciaram assim o processo parlamentar que poderá levar à suspensão do poder do Presidente sul-coreano, cujo partido governa em minoria.
A decisão foi "uma clara violação da Constituição" e "um grave ato de rebelião", afirmou, num comunicado, o PD, que acusou Yoon de não ter cumprido os requisitos legais para a imposição da lei marcial.
Também o maior sindicato da Coreia do Sul apelou a uma "greve geral por tempo indeterminado" até à demissão do Presidente.
A Confederação Coreana de Sindicatos, que tem cerca de 1,2 milhões de membros, classificou a tentativa de Yoon como uma "medida irracional e antidemocrática", dizendo que "assinou o próprio fim no poder".
Mesmo o líder do partido no poder na Coreia do Sul garantiu que o Presidente e "todos os responsáveis serão responsabilizados".
Japão e EUA preocupados
Entretanto, o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, disse já estar a acompanhar a situação política na Coreia do Sul com "uma preocupação excecional e séria".
O líder do Governo nipónico disse aos jornalistas que não tinha "qualquer informação sobre cidadãos japoneses feridos" na Coreia do Sul.
Ishiba acrescentou que as autoridades estavam a tomar "todas as medidas possíveis" para garantir a segurança dos cidadãos japoneses, em particular através da emissão de avisos através de e-mails consulares.
Por seu lado, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, saudou o levantamento da lei marcial na Coreia do Sul e apelou para a resolução do impasse.
"Continuamos a esperar que as divergências políticas sejam resolvidas de forma pacífica e de acordo com o Estado de direito", disse Blinken em comunicado.
Com Lusa