O presidente do Chega, André Ventura, disse hoje, no final de uma audiência com o Presidente da República, que vai apresentar "um governo alternativo" e assegurou que o seu partido vai ser um "garante de estabilidade".

"Apresentaremos um governo alternativo e assumiremos o nosso estatuto de líder da oposição, mas não deixaremos que o país caia numa nova crise política e procuraremos ser um farol e um garante da estabilidade em Portugal, [mas] não da estabilidade a qualquer custo", afirmou, sem responder diretamente se permitirá a viabilização do programa do próximo governo.

"De uma estabilidade que continue a combater a corrupção, que combata a imigração descontrolada e que permita um crescimento económico que dê salários e dignidade a quem trabalha, aos pensionistas, e não a quem não faz nada", indicou o líder do Chega.

André Ventura falava aos jornalistas no Palácio de Belém, em Lisboa, no final de uma audiência de cerca de 40 minutos com Marcelo Rebelo de Sousa.

O presidente do Chega garantiu ainda que o partido "nunca será uma força de bloqueio", é "responsável," e compreende "o momento e a fragmentação de poder que existe e que "o país não precisa de mais eleições".

"[o Chega] é uma força de vida, é uma força de transformação e, como os portugueses decidiram, é o líder da oposição", disse, sustentando que "todos os dados indicam até ao momento que o Chega terá essa vitória nos círculos fora do território nacional".

O líder do Chega disse estar confiante de que o seu partido vai passar a ser a segunda força política com maior representação no parlamento e considerou que "isso mudará completamente, de forma evidente, o xadrez político e a combinação política nacional".

"Caso isso se verifique, o Chega assumirá o seu papel de liderança da oposição em Portugal e de liderança de uma alternativa de governo", indicou, referindo também que o partido "procurará ser um farol de mudança e de estabilidade, aberto, como sempre esteve, ao diálogo, às medidas boas para o povo português, às medidas de transformação do povo português, pensando sempre mais no povo português do que em quem apresenta as medidas".

André Ventura disse também que se terá uma nova reunião com Marcelo Rebelo de Sousa. Na segunda-feira, o Presidente da República já tinha admitido ouvir de novo as três forças políticas mais votadas nas legislativas de domingo na próxima semana, depois de concluído o apuramento dos votos dos emigrantes.

"Eu comprometi-me com o Presidente da República a termos uma nova conversa em nome da estabilidade, a termos uma nova conversa em nome da governabilidade, mas sempre com esta garantia: o Chega foi eleito para ser o líder da oposição. É isso que o Chega fará e é esse papel atribuído pelos portugueses, se for confirmado no dia 28 de maio, que muito me orgulha, que muito nos orgulha e para o qual vamos contribuir", afirmou.

Ventura disse ainda que nesta audiência aproveitou para agradecer ao Presidente da República "a preocupação que teve" face ao problema de saúde que teve na segunda semana da campanha eleitoral.

"Tive a oportunidade de lhe agradecer a preocupação, a atenção e até de lhe dizer, com alguma ironia, que ele tinha alguma razão quando na noite de quarta para quinta-feira me disse que deveria ter ficado fora da campanha, e eu não acedia a esse conselho", acrescentou.

O líder do Chega foi ainda questionado se vai manter a candidatura a Presidente da República, que esteve previsto ser apresentada esta semana, mas não respondeu.

André Ventura chegou ao Palácio de Belém pelas 17:20, 20 minutos depois da hora a que a audiência estava marcada, acompanhado pelos dirigentes e deputados Marta Silva, Pedro Frazão e Patrícia Carvalho. A audiência terminou pelas 18:00.