Perante o Parlamento Europeu, em Estrasburgo, em França, a comissária para a Igualdade, Helena Dalli, disse que a União Europeia pode "falar com franqueza" com o Governo moçambicano: "Não podemos ficar em silêncio, dada a situação."
"Desde as eleições em 09 de outubro assistimos ao alastramento da violência e a brutalidade da repressão [pela polícia] exacerbou a situação. Deplorámos as mortes nas últimas semanas e a morte de dois políticos", disse Helena Dalli, insistindo que a União Europeia exige uma investigação e "clareza nos factos" sobre os homicídios de Elvino Dias e Paulo Guambe.
E fez um pedido em nome do executivo de Ursula von der Leyen: "É imperativo que todos os lados mantenham a contenção e uma conduta ordeira, é importante que a voz de todos seja ouvida, e o uso desproporcionado de força e a violência perpetrada por todos os lados tem de parar."
A comissária prometeu que "o processo eleitoral está longe do final" e disse que até depois de ser conhecido o resultado, a União Europeia vai continuar vigilante.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane tem convocado manifestações, que têm degenerado em confrontos com a polícia - que tem recorrido a disparos de gás lacrimogéneo e tiros para dispersar os manifestantes -, para contestar os resultados das eleições gerais de 09 de outubro anunciados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE) e que têm de ser ainda validados pelo Conselho Constitucional.
A 24 de outubro, a CNE anunciou a vitória de Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos, atribuindo o segundo lugar, com 20,32% dos votos, a Venâncio Mondlane, ex-deputado da Renamo e apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar).
Segundo a ONG moçambicana Plataforma Eleitoral Decide, pelo menos 67 pessoas morreram e outras 210 foram baleadas num mês de manifestações de contestação dos resultados das eleições gerais em Moçambique.
Segundo o levantamento divulgado sábado por aquela plataforma de monitorização eleitoral, houve ainda pelo menos 1.326 detenções em Moçambique na sequência dos protestos de 21 outubro a 21 de novembro, mas neste caso ainda pendente de atualização por parte da Ordem dos Advogados de Moçambique, que tem prestado apoio jurídico nestes processos.
AFE //RBF
Lusa/Fim