![Condicionada circulação na principal estrada entre Maputo e África do Sul](https://homepagept.web.sapo.io/assets/img/blank.png)
"A situação está complicada. O custo da vida está elevado e nós estamos a manifestar-nos para ver se eles baixam os preços das coisas", diz à Lusa Vitorino Mariano, um dos manifestantes, a partir do ponto onde a rodovia foi bloqueada, a 35 quilómetros do centro de Maputo.
O troço, que já foi interrompido diversas vezes durante os protestos pós-eleitorais nos últimos meses, foi bloqueado por volta das 05:00 (03:00 em Lisboa) por dois camiões de carga e, algumas horas depois, a polícia moçambicana fez-se ao local para desobstruir a via, a principal entre as que ligam o centro da capital moçambicana à África do Sul.
"As pessoas estão a sair À rua por causa de comida e alimentação. As coisas estão realmente mais caras", explica à Lusa António André, um vendedor ambulante que teve de percorrer vários quilómetros, já que o transporte de passageiros também esteve condicionado numa parte da estrada.
Durante as primeiras horas do dia, sem disparos, pelo menos até ao fim da manhã, a Unidade de Intervenção Rápida da polícia moçambicana tentava desbloquear a estrada sob olhar de dezenas de pessoas, mas os motoristas dos camiões não estavam no local, obrigando os outros condutores que por ali tentavam passar a recorrer até aos passeios.
"Nós vamos continuar até as coisas mudarem e a resistência que eles tiveram até 1975 [ano da independência] nós também vamos ter", diz Inácio Francisco, outro manifestante.
Moçambique vive desde outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas, primeiro, pelo antigo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais que deram vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder.
Atualmente, os protestos, em pequena escala, têm ocorrido em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e outros problemas sociais.
Desde outubro, pelo menos 327 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 750 foram baleadas durante os protestos, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanha os processos eleitorais.
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Lusa/FIm