"Vinte mártires e mais de 200 pessoas feridas pelos disparos da ocupação [exército israelita], algumas em estado grave, foram transferidas" para hospitais da Faixa de Gaza, disse à agência de notícias France presse (AFP) o porta-voz da Defesa Civil, Mahmoud Bassal, acrescentando que estas pessoas estavam reunidas à margem de um local de distribuição de ajuda, cuja abertura aguardavam.

"Esperavam aceder ao centro de ajuda americana em Rafah para obter alimentos, quando a ocupação abriu fogo sobre estas pessoas esfomeadas, perto da rotunda de al-Alam", no sul da Faixa de Gaza, disse Bassal, acrescentando que o tiroteio ocorreu entre as 05:00 e as 07:30 (02:00 e 04:30 em Lisboa).

As vítimas foram transferidas para os hospitais do sul do território palestiniano, que só estão parcialmente operacionais há vários dias devido aos combates e à escassez de material médico.

No início de março, Israel impôs um bloqueio total à Faixa de Gaza, numa altura em que as negociações de tréguas com o movimento islamita Hamas se encontravam num impasse, e só aliviou parcialmente as restrições no final de maio.

"Todas as fronteiras estão fechadas e esta é a única forma de obter ajuda", disse Ahmad al-Farra, dos edifícios da Fundação Humanitária de Gaza, apoiada pelos EUA e por Israel, acrescentando que "quando vêm [pedir ajuda], são mortos por francoatiradores, como se pode ver".

O exército israelita disse que estava a fazer averiguações.

O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) disse ter recebido 200 pessoas no seu hospital de campanha na zona de Al-Mawassi, perto de Rafah, sem especificar as circunstâncias.

Num declaração publicada na rede social X, o CICV disse, porém, que este era "o maior número de pessoas recebidas pelo hospital de campanha da Cruz Vermelha num único incidente".

As equipas da Cruz Vermelha também trataram 170 pacientes no hospital, no domingo, "muitos dos quais, com ferimentos de bala, disseram que estavam a tentar aceder a um local de distribuição de alimentos", acrescenta a publicação.

Desde a abertura, a 27 de maio, de centros de ajuda em Gaza geridos pela Fundação Humanitária de Gaza, uma organização financiada de forma opaca e apoiada pelos Estados Unidos e por Israel, registou-se uma série de acontecimentos mortais.

A ONU recusa-se a trabalhar com esta organização devido a preocupações sobre os seus procedimentos e neutralidade.

Quando questionado sobre os disparos contra palestinianos em circunstâncias semelhantes, o exército israelita explicou que, por vezes, os seus soldados abriram fogo, porque as pessoas avançavam na sua direção, apesar dos disparos de aviso, numa área que afirma ter sido declarada como "zona de combate".

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