A viúva do opositor russo Alexei Navalny e atual líder da oposição no exílio, Yulia Navalnaya, apelou hoje, em Berlim, aos exilados russos para se manifestarem e serem a voz dos compatriotas que não o podem fazer no país.

"Devemos sair" e manifestar-nos "por aqueles na Rússia que não podem fazê-lo", disse Yulia Navalnaya numa cerimónia em memória do marido.

"Sejamos a voz" daqueles que não podem deixar o país, pediu a viúva de Alexei Navalny aos exilados e outros membros da diáspora.

"Quero que o regime de Vladimir Putin [o Presidente russo] acabe o mais depressa possível [...] para que eu possa voltar à Rússia e construir uma vida normal no país", disse Yulia Navalnaya, declarada "extremista" na Rússia e que assumiu a liderança do movimento da oposição a partir do exterior.

Apesar dos riscos de represálias legais, um ano após a morte, na prisão, do principal opositor do Kremlin, mais de mil apoiantes de Alexei Navalny prestaram-lhe homenagem hoje junto à sua sepultura em Moscovo, apesar do risco.

Segundo repórteres da agência France-Presse, pelo menos 1.500 pessoas marcharam para depositar flores no túmulo de Navalny no cemitério de Borisovskoye, onde ao início da tarde formavam ainda uma grande fila.

Vários diplomatas ocidentais, incluindo representantes das embaixadas norte-americana, francesa, espanhola, norueguesa e da União Europeia, também visitaram o túmulo do opositor do Kremlin.

Durante um breve discurso no cemitério, a mãe de Alexei Navalny pediu que os responsáveis pelo "assassínio" do seu filho sejam "punidos".

"O mundo inteiro conhece o patrocinador. Mas queremos saber dos executantes, aqueles que permitem isto...", acrescentou Lyudmila Navalnaya, emocionada.

O sistema de segurança era discreto, com policiais à paisana posicionados principalmente ao redor do cemitério.

Carismático ativista anticorrupção e inimigo político número um de Vladimir Putin, Navalny foi declarado "extremista" pelos tribunais russos.

Mencionar em público o opositor ou a sua organização, o Fundo Anticorrupção (FBK), sem especificar que foram declarados "extremistas", expõe os infratores a pesadas sanções.

Esta ameaça mantém-se em vigor apesar da morte de Navalny, em circunstâncias obscuras numa prisão do Ártico em 16 de fevereiro de 2024, e apesar do exílio de quase todos os seus colaboradores da Rússia.