"A situação na cidade de Nampula permanece tranquila. Foram registadas chuvas e trovoadas, mas, neste momento, a chuva abrandou e, inclusivamente, parou. Ainda não foi possível estabelecer contacto com o distrito de Memba, onde se suspeita que o impacto tenha sido significativo", lê-se num balanço feito esta manhã por aquela Organização Não-Governamental (ONG).
Segundo a ONG, em Cabo Delgado "já se registam danos, como desabamento de muros e telhados" e "prevê-se que as zonas costeiras estejam já a sofrer os efeitos mais severos do ciclone".
"Vários bairros da província de Nampula estão sem energia elétrica, o que pode dificultar a recolha de informações. A falta de comunicação poderá estar relacionada com os efeitos do ciclone. Situação que se regista até mesmo na província de Cabo Delgado com destaque para os distritos de Pemba e Mecúfi", refere ainda.
A companhia aérea LAM já cancelou hoje três voos com destino à região norte de Moçambique.
Equipas de apoio humanitário das Nações Unidas foram mobilizadas para Cabo Delgado, face à aproximação do ciclone de nível 3, que entretanto evoluiu para tempestade tropical severa.
As autoridades moçambicanas admitiram na quinta-feira que cerca de 2,5 milhões de pessoas poderão ser afetadas pelo ciclone tropical Chido nas províncias de Nampula e Cabo Delgado.
"Nós achamos que podemos, inicialmente, começar a trabalhar com uma estimativa de cerca de 2,5 milhões de pessoas nas províncias de Cabo Delgado e Nampula, que poderão ser afetadas e precisarão ser socorridas", disse a diretora nacional do Centro Nacional Operativo de Emergência (Cenoe), Ana Cristina, durante uma sessão extraordinária do órgão face ao alerta de ocorrência do ciclone.
O Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) moçambicano agravou o alerta perante a aproximação da tempestade, prevendo ventos até 220 quilómetros por hora (km/h).
Num aviso vermelho, o INAM reforça que aquele ciclone tropical evoluiu na quinta-feira para o estágio de "intenso", ao aproximar-se do canal de Moçambique.
As autoridades apontaram ainda as províncias da Zambézia e Tete, no centro de Moçambique, e Niassa, no norte, como algumas que poderão ser também afetadas pelo mau tempo.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.
O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o país.
Já na primeira metade de 2023, as chuvas intensas e a passagem do ciclone Freddy provocaram 306 mortos, afetaram mais de 1,3 milhões de pessoas, destruíram 236 mil casas e 3.200 salas de aula, de acordo com dados oficiais do Governo.
PVJ (LN) // JMR
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