Uma conferência em Cambridge reúne esta semana cientistas e engenheiros para discutir ideias de geoengenharia que possam travar o aquecimento acelerado do Ártico - uma região que aquece quatro vezes mais depressa do que a média global.

O objetivo não é ainda aplicar soluções, mas avaliar quais poderão valer a pena estudar mais a fundo. Entre as 61 propostas identificadas, destacam-se ideias que parecem saídas da ficção científica:

Uma solução em pequena escala já em uso é bombear água sobre o gelo para o voltar a congelar.
Uma solução em pequena escala já em uso é bombear água sobre o gelo para o voltar a congelar. Real Ice/Universidade de Cambridge

Algumas propostas são vistas como promissoras, outras foram já descartadas por serem demasiado arriscadas, dispendiosas ou ineficazes à escala necessária.

Os perigos e o “risco moral” de manipular deliberadamente o clima

O debate é sensível: há fortes críticas éticas e legais, sobretudo de comunidades indígenas como o Conselho Saami,que representa os interesses do povo Saami na Finlândia, Noruega, Suécia e Rússia, que alertam para os perigos e o “risco moral” de manipular deliberadamente o clima, segundo o The Guardian.

Em 2021, por exemplo, o Conselho Saami juntou-se a ONGs para criticar um projeto liderado por Harvard que que queria injetar aerossóis na estratosfera - para refletir a luz solar e arrefecer o planeta, imitando o efeito de uma grande erupção vulcânica. O plano, escreveu o Conselho Saami, era um "risco moral real".

Por isso, a conferência inclui também discussões sobre ética, governação e envolvimento público.

Apesar das críticas a ideias de geoengenharia, os investigadores defendem que é essencial continuar a investigação face à rapidez do aquecimento global, uma vez que não fazer nada, defendem alguns, pode ser mais arriscado do que experimentar algo.