
Os colonos europeus cometeram um genocídio contra os aborígenes australianos, segundo as conclusões de um inquérito conduzido por uma comissão do estado de Victoria, no sudeste do país, que apela ao Governo para que tome medidas de reparação.
No seu relatório final, a comissão, que iniciou os seus trabalhos há quatro anos, sublinha que os aborígenes foram vítimas de massacres, que as crianças foram retiradas às suas famílias e que a sua cultura foi combatida com vista à assimilação.
De acordo com as conclusões, apresentadas ao Parlamento australiano na terça-feira, os assassínios em larga escala, as doenças, a violência sexual, o rapto de crianças e as políticas de assimilação conduziram à "destruição quase total" dos aborígenes no Estado de Vitória.
"Trata-se de um genocídio", conclui o relatório.
Entre as recomendações, a comissão defende uma indemnização financeira pelos danos sofridos pelos aborígenes, bem como a restituição das terras ancestrais.
A primeira-ministra de Victoria, Jacinta Allan, agradeceu à comissão, assegurando que o seu governo irá "considerar cuidadosamente" as recomendações.
Estas conclusões "trazem à luz verdades duras e lançam as bases para um futuro melhor para todos os vitorianos", declarou num comunicado.
Quando os colonos europeus chegaram à Austrália em 1788, havia cerca de um milhão de aborígenes. Atualmente, representam apenas 3,8% dos 26 milhões de habitantes da Austrália.
Há muito que a Austrália luta para colmatar o fosso entre os povos indígenas e o resto da população em termos de saúde e bem-estar.
As minorias aborígenes têm uma esperança de vida cerca de oito anos inferior à média nacional e a sua taxa de encarceramento não para de aumentar.
"As atuais disparidades económicas e os obstáculos à prosperidade das Primeiras Nações são heranças diretas das práticas coloniais e da exclusão sancionada pelo Estado", afirma a comissão no seu relatório.