
Intitulada "Flamboyant. Joana Vasconcelos no Palácio de Liria", a exposição, com 50 obras, algumas delas icónicas da artista, numa intervenção em diálogo com peças dos mestres Velázquez e Goya, entre outros da coleção do Palácio de Liria, iria encerrar a 31 de julho.
Trata-se de uma intervenção em que as obras de arte contemporânea de Joana Vasconcelos se fundem com a história deste palácio da Fundação Casa de Alba, à semelhança do que a artista portuguesa fez em 2012 no Palácio de Versalhes, em França.
As peças de Joana Vasconcelos estão expostas nos jardins e salões emblemáticos do Palácio de Liria visitáveis pelo público, mas também em outros espaços normalmente fechados a visitantes, nos quais convivem com obras de mestres renascentistas consagrados como Velázquez, Goya, Rubens, Ticiano e Murillo, pertencentes aos duques de Alba, colocados a decorar várias divisões.
Numa apresentação do projeto aos jornalistas em Madrid, em janeiro, Joana Vasconcelos destacou ser esta a primeira vez que faz uma intervenção num palácio em Madrid, e tem a sua obra é exposta num edifício ainda habitado pela família proprietária de origem.
A intervenção conta com cerca de 50 obras expostas em dois andares do palácio em "muitas salas nas quais se produz um encontro entre o passado e a contemporaneidade", no "diálogo total" que constrói o futuro das "consciências culturais", disse a artista, na mesma ocasião.
Na altura, por seu turno, o presidente da Câmara de Madrid, José Luis Martínez Almeida, disse que a exposição seria "um dos principais acontecimentos culturais do ano" na capital espanhola.
A intervenção artística de Joana Vasconcelos no palácio distribui-se pelas áreas principais, incorporando salas que até agora não podiam ser visitadas, começando no corredor do palácio com dois leões - "Vigoroso e Poderoso" (2006-2024) - que servem de ponto de partida do itinerário.
Na capela do palácio, pela primeira vez aberta ao público, onde está localizado o "Coração Flamejante" (2019-2022) do artista, da icónica "Marilyn" (2011) à mais recente "Valkyrie Thyra" (2023) ou "Família Feliz #2 "(2023), a exposição inclui ainda novas peças criadas expressamente para a ocasião.
Da mesma forma, os visitantes poderão aceder aos jardins do palácio, geralmente fechados ao público, e admirar pela primeira vez "La Théière" (2025), uma nova obra feita de ferro forjado e vegetação ornamental na forma de um bule de chá em grande escala e cercada por jasmim.
Joana Vasconcelos, nascida em 1971, conta com uma carreira de mais de três décadas, que se caracteriza pela descontextualização de objetos do quotidiano e pela apropriação do artesanato tradicional, que adapta ao século XXI para questionar temas como o papel da mulher, a sociedade de consumo e a identidade cultural.
Vasconcelos representou oficialmente Portugal na Bienal de Arte de Veneza, em 2013, levando um cacilheiro transformado em obra de arte ao recinto principal da mostra internacional contemporânea.
Foi a primeira artista mulher e a criadora mais jovem a apresentar o seu trabalho no Palácio de Versalhes, numa mostra individual, e tem levado a sua produção a instituições como o Museu Guggenheim Bilbao (Espanha), o Palácio Pitti e as Galerias Uffizi (Florença, Itália), entre outras.
A exposição "Flamboyant" foi inaugurada oficialmente a 13 de fevereiro com a presença do Rei de Espanha, Felipe VI, o ministro da Administração Interna de Espanha, Fernando Grande-Marlaska, o duque de Alba e proprietário do Palácio de Liria, Carlos Fitz-James Suart, o presidente da Câmara de Madrid, José Luis Martinez-Almeida, e o embaixador de Portugal em Espanha, João Mira Gomes.
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