Os incêndios voltaram a fustigar o país ao longo do ano, principalmente no mês de setembro, quando Portugal viveu dias de alerta máximo e condições meteorológicas anómalas. Passados dois meses do pior, é possível concluir que o fogo posto é a principal causa dos incêndios.

Segundo o 8.º Relatório Provisório de Incêndios Rurais de 2024, publicado esta segunda-feira pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, houve um total de 6.229 incêndios rurais que resultaram em 136.424 hectares de área ardida, entre 1 de janeiro e 15 de outubro.

2024 não foi, durante o período abrangido, um ano de muitos incêndios rurais, mas a área ardida registou um dos valores mais elevados dos últimos anos.

“Comparando os valores de 2024 com o histórico dos 10 anos anteriores, assinala-se que se registaram menos 47% de incêndios rurais e mais 22% de área ardida relativamente à média anual do período. O ano de 2024 apresenta, até ao dia 15 de outubro, o valor mais reduzido em número de incêndios e o 3.º valor mais elevado de área ardida, desde 2014.”

O estudo conclui que a principal causa dos fogos em Portugal, responsável por 35% das ocorrências, é o “Incendiarismo - Imputáveis”, seguido pelas “Queimadas de sobrantes florestais ou agrícolas” (11%).

“Conjuntamente, as várias tipologias de queimas e queimadas representam 30% do total das causas apuradas. Os reacendimentos representam 9% do total das causas apuradas, um valor inferior face à média dos 10 anos anteriores (12%).”

Mais de metade da área ardida sem causa

No entanto, há uma parcela considerável dos incêndios em que não foi possível, até ao momento, averiguar as causas. Apenas 3.685 ocorrências, que correspondem a 32% da área ardida, tiveram uma causa atribuída.

"Do total de 6 229 incêndios rurais verificados no ano de 2024, 5 177 foram investigados e têm o processo de averiguação de causas concluído (83% do número total de incêndios - responsáveis por 40% da área total ardida). Destes, a investigação permitiu a atribuição de uma causa para 3 685 incêndios (71% dos incêndios investigados - responsáveis por 32% da área total ardida).

Viseu foi a região mais afetada

O relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas dá conta ainda que, no que concerne à área ardida, o distrito mais afetado foi Viseu, “com 49 636 hectares, cerca de 36% da área total ardida”, seguido de Aveiro, “com 27 239 hectares (20% do total)” e do Porto, “com 19 941 hectares (15% do total)”.

Embora Porto, Braga e Viana do Castelo tenham sido os distritos com maior número de incêndios, estes foram “maioritariamente de reduzida dimensão”.

A área ardida nos 20 concelhos mais afetados, com destaque para Castro Daire e São Pedro do Sul, mas também Albergaria-A-Velha e Águeda, representa 74% da área total.

92% queimou em setembro

Sem grande surpresa, o relatório conclui ainda que “o mês de setembro é aquele que apresenta maior número de incêndios rurais, com um total de 1 917 incêndios, o que corresponde a 31% do número total registado no ano".

No que respeita à área ardida, até à data, o mês de setembro é também o mês que apresenta maior área ardida no corrente ano, com um total de 126 076 hectares, o que corresponde a 92% do total de área ardida."