Dez anos depois do atentado ao Charlie Hebdo, François Hollande recordou o momento mais marcante desse dia: um telefonema de um amigo que trabalhava na redação do jornal satírico.
“A memória mais marcante é a chamada de Patrick Pelloux, um profissional de saúde e amigo que trabalhava na equipa editorial do Charlie Hebdo. Eu já sabia que tinha havido o ataque e ele ligou-me a chorar, a descrever a cena do crime”, recorda François Hollande.
O antigo Presidente francês conta que o amigo ainda lhe disse que estavam “quase todos mortos”. Patrick, antigo jornalista e na altura médico, foi um dos primeiros a prestar os primeiros socorros aos colegas.
“Nesse momento compreendi que não tinha sido apenas um ataque terrorista contra o Charlie Hebdo, mas que havia uma série de vítimas que me eram próximas, porque conhecia muitos deles.”
A 7 de janeiro de 2015, dois homens armados entraram na redação do Charlie Hebdo e mataram oito membros da redação. O ataque ao semanário foi o primeiro dos ataques desse dia e seguintes, que provocaram um total de 17 vítimas em vários locais de Paris e na região da capital francesa.
De sobrevivente a herói no ataque ao Bataclan
Em setembro desse ano, Patrick anunciou a sua saída do Charlie Hebdo, por “não fazer mais sentido”. Explicou, na altura, que parte dos sobreviventes ficou parado no tempo, “naquele momento”.
Médico de formação, assumiu a chefia do serviço de emergência francês, o Samu. O que Patrick não esperava era, pouco tempo depois, tornar-se um herói dos ataques de 13 de novembro.
"Assim que ouvi as explosões no Estádio de França soube que era um atentado. (...) Enviámos o máximo de pessoas para os locais e em três horas abrimos umas 60 vagas para cirurgia”, contou, pouco tempo depois dos ataques.
Recorde-se que a 13 de novembro de 2015, 10 meses depois do ataque ao Charlie Hebdo, terroristas levaram a cabo uma série de atentados na capital francesa, incluindo ao Bataclan. 130 pessoas morreram.