
Na sexta-feira, o Presidente, Luis Arce, acompanhado de vários ministros, dirigiu-se à nação para anunciar "11 medidas imediatas e sete decretos supremos contra a especulação e o contrabando em defesa da economia das famílias bolivianas".
Entre as principais medidas tomadas estão o controlo e patrulhamento militar nos postos fronteiriços e a apreensão de produtos contrabandeados, principalmente óleo, farinha, trigo, açúcar e carne de bovino, frango e porco.
Aqueles que cometerem crimes de apropriação indevida e especulação alimentar serão processados, anunciou o ministro da Justiça, César Siles.
Face à escassez de gasóleo e gasolina, o ministro dos Hidrocarbonetos, Alejandro Gallardo, garantiu que a procura interna será satisfeita "a 100%" a partir da próxima semana.
"A partir de segunda-feira, vamos normalizar a distribuição a 100% na região central [La Paz, Cochabamba e Santa Cruz] e vamos fazê-lo gradualmente nos restantes departamentos", disse Gallardo.
O Governo boliviano aprovou ainda decretos e medidas "para preservar o bom funcionamento do sistema financeiro".
As medidas incluirão o incentivo aos cidadãos para colocarem as poupanças num banco estatal dedicado à construção de habitação pública.
Além disso, foi aprovado um decreto que aumenta de 10 mil para 50 mil dólares (de 8.800 para 44 mil euros) o limite de entrada de moeda estrangeira no país, para "abastecer o sistema financeiro nacional" com recursos recebidos do exterior.
Por fim, as pessoas com poupanças até 100 mil bolivianos (quase 12.800 euros) receberão um incentivo anual de juros de 2% para manter o dinheiro no banco.
Os industriais bolivianos propuseram na quinta-feira ao Governo de Arce o início de um "diálogo com resultados" para resolver a situação económica do país. O líder boliviano convocou uma reunião com este setor na segunda-feira.
A Bolívia tem enfrentado uma prolongada escassez de dólares desde o início de 2023, o que levou a um aumento do valor da moeda americana em relação à taxa de câmbio oficial de 6,96 bolivianos por dólar, estando agora em cerca de 20 bolivianos no mercado paralelo.
A escassez de combustível resultou em longas filas de veículos em postos de abastecimento de combustível em nove regiões nas últimas duas semanas, e os transportadores de gasóleo e gasolina protestaram contra o governo esta semana, impedindo os camiões-cisterna de importar combustível.
A tudo isto acresce o aumento do custo da alimentação e dos serviços, uma vez que, segundo dados oficiais, a inflação nos primeiros quatro meses do ano atingiu os 5,95%.
A Bolívia fechou 2024 com uma taxa de inflação acumulada de 9,97%, a mais elevada desde 2008.
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