O Departamento de Justiça norte-americano vai rever os indultos concedidos pelo ex-Presidente Joe Biden ao deixar a Casa Branca, incluindo a familiares e a responsáveis dos serviços de saúde e das forças armadas.

No seu último dia no cargo, em janeiro, Biden concedeu diversos indultos, sem que os visados tenham sido acusados ou condenados por qualquer crime, mas para os proteger contra possíveis retaliações por parte do Presidente Donald Trump.

Além de diversos familiares, foram indultados o imunologista Anthony Fauci, que no anterior mandato de Trump contrariou frequentemente a Casa Branca em relação ao combate à pandemia de covid-19, o general reformado Mark Milley, que fez críticas veladas ao Presidente agora reeleito, e ainda membros da comissão da Câmara de Representantes que investigou o ataque de 06 de janeiro de 2021 ao Capitólio.

A cargo da revisão dos indultos estará Ed Martin Jr., que Trump tinha proposto inicialmente para ser o principal procurador federal de Washington, mas que foi afastado após ser alvo de críticas de republicanos, mantendo-se na equipa da procuradora-geral Pam Bondi.

Na terça-feira, Martin disse que a procuradoria já está, sob a sua liderança, a "analisar algumas das condutas em torno dos perdões e da Casa Branca de Biden".

"Estes são grandes momentos e, portanto, precisam de ser capazes de resistir ao escrutínio", disse Martin aos jornalistas.

A Constituição norte-americana concede amplos poderes de indulto presidencial e estas ações de clemência não podem ser desfeitas pelos tribunais ou por outras autoridades.

Trump também usou os amplos poderes de indulto presidencial para beneficiar aqueles que lhe são próximos.

Nas últimas semanas do seu primeiro mandato, Trump perdoou Charles Kushner, o pai do seu genro, Jared Kushner, assim como vários aliados condenados na investigação sobre a Rússia do procurador especial Robert Mueller.

No primeiro dia do seu segundo mandato, Trump perdoou quase todas as 1.500 pessoas acusadas de crimes no motim do Capitólio, libertando da prisão dezenas de pessoas condenadas por agredir polícias.

Além de procurador-geral adjunto associado responsável pela revisão de indultos presidenciais, Martin será também diretor de um grupo de trabalho para investigar o trabalho do ex-conselheiro especial Jack Smith, que liderou dois processos federais contra Trump que foram abandonados.

Alvo de Martin serão também outros casos do que os republicanos alegam ser ataques injustos aos conservadores por parte da administração Biden.

Enquanto procurador interino na primeira semana do regresso de Trump à Casa Branca, e na sequência dos perdões de Trump, Martin supervisionou a rejeição de centenas de casos de rebelião no Capitólio.