Uma das alegadas vítimas de Sean 'Diddy' Combs falou pela primeira vez sobre os abusos que diz ter sofrido às mãos do músico e empresário norte-americano, detido pelos crimes de tráfico sexual e extorsão. O homem acusou o rapper de o sodomizar numa festa, em 2007.

Desde a detenção de Diddy, em setembro, muitos foram os processos que deram entrada em tribunal. Só uma equipa de advogados diz representar 120 vítimas, incluindo 25 menores na altura dos acontecimentos. Mas esta é a primeira vez que uma dessas vítimas vem a público revelar o que terá acontecido.

Em entrevista à CNN, John Doe (nome usado para manter o anonimato) partilhou o trauma que os alegados abusos sexuais cometidos por Diddy deixaram na sua vida.

O homem estava a trabalhar como segurança numa das polémicas Festas Brancas de Diddy, há quase 20 anos, quando conheceu o magnata da música. "Amigável" e "agradável" foram as palavras usadas para descrever o empresário no momento em que o conheceu.

Na entrevista, contou que Diddy lhe deu duas bebidas e que foi só na segunda que percebeu que algo estava errado.

"Mas já era tarde de mais (...) Não conseguia manter-me de pé", disse, garantindo que as bebidas tinham álcool e que "mais parecia que tinha bebido 15 copos". "Ele estava a observar e, assim que fiquei numa posição indefesa, aproveitou-se da situação."

John Doe afirmou que, depois de ser drogado, foi obrigado a entrar num veículo, onde foi sodomizado por Diddy.

"Gritei. Pedi que parasse. Foi incrivelmente doloroso e ele agiu como se não fosse nada. Ele parecia estar desligado da realidade."

"Uma celebridade viu e achou divertido"

John Doe revelou também que uma celebridade testemunhou toda a situação, mas não deu nomes: "Houve uma celebridade que viu o que aconteceu e achou divertido."

A alegada vítima, que apresentou queixa contra Diddy em outubro, revelou à CNN que manteve segredo sobre os alegados abusos desde 2007, e que nem contou à mulher com quem estava casado na altura por vergonha.

“A gravidade da situação continua a viver comigo até aos dias de hoje (...) Afeta tudo o que se faz para o resto da vida.”

De acordo com o processo, o homem relatou o que aconteceu ao chefe da empresa de segurança privada onde trabalhava. Em resposta, nunca mais lhe foi pedido que trabalhasse para a empresa em questão, revelou nesta entrevista.

“Ele simplesmente ignorou o assunto e disse: 'Vou falar com ele'”, afirmou. “Depois disso, não voltou a falar comigo, excluiu-me de tudo... Fiquei na lista negra depois disso. Tive de encontrar outra área.”

John Doe já não trabalha como segurança e confessou que o seu casamento terminou como resultado dos alegados abusos, devido ao impacto negativo que a situação tem nas suas relações. Revelou também que, desde o alegado abuso, tem lidado com "dores emocionais" e problemas de saúde mental.

Diddy foi detido a 16 de setembro, em Nova Iorque, acusado de ter coagido e abusado de mulheres durante anos. Acusações estas que nega, declarando-se inocente.

Detido desde então, o rapper de 55 anos começa a ser julgado e 5 de maio de 2025. Além de tráfico sexual e extorsão, é acusado de vários crimes sexuais, imposição de trabalho forçado na prostituição e agressão.