O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, admitiu estar "profundamente triste e chocado" com a morte de um funcionário da sua organização num ataque israelita na Faixa de Gaza e pediu uma investigação completa ao caso

"O secretário-geral ficou profundamente triste e chocado ao saber da morte de um membro da equipa do Escritório das Nações Unidas para Serviços de Projetos (UNOPS), quando duas casas de hóspedes da ONU em Deir el-Balah foram atingidas em ataques. Cinco outros funcionários da ONU ficaram gravemente feridos", indicou o gabinete de Guterres, em comunicado.

As Nações Unidas frisaram que a localização de todas as suas instalações é conhecida pelas partes em conflito, que são obrigadas pelo direito internacional a protegê-las e a manter a sua "inviolabilidade absoluta".

Guterres "condena veementemente todos os ataques ao pessoal da ONU e pede uma investigação completa", frisou o mesmo comunicado, que ressaltou que todos os conflitos devem ser conduzidos de forma a garantir que os civis sejam respeitados e protegidos.

O ataque desta quarta-feira eleva o número de funcionários da ONU mortos em Gaza desde o início do conflito no enclave palestiniano, a 7 de outubro de 2023, para pelo menos 280, de acordo com o chefe das Nações Unidas.

Este incidente ocorreu na sequência de uma nova ofensiva israelita contra a Faixa de Gaza, que resultou na morte de centenas de pessoas, incluindo muitas crianças, marcando um dos dias mais mortais no enclave desde o final de 2023.

O secretário-geral da ONU enfatizou a necessidade de que o cessar-fogo seja respeitado "para pôr fim ao sofrimento do povo" e pediu que a ajuda humanitária chegue a todas as pessoas necessitadas.

"Os reféns devem ser libertados imediata e incondicionalmente", insistiu Guterres, lembrando que o direito internacional deve ser cumprido em todos os momentos.

O subsecretário-geral das Nações Unidas e diretor-executivo da UNOPS, Jorge Moreira da Silva, rejeitou que a morte do funcionário da agência que lidera tenha sido um acidente.

"Na minha opinião, isto não foi um acidente, não pode ser categorizado como tal", disse, numa conferência de imprensa em Bruxelas, na Bélgica.

"Quero deixar claro que esta localização estava numa zona isolada, não havia mais edifícios por perto, era uma estrutura bem conhecida", comentou, assumindo-se "chocado com estas notícias".

O diretor-executivo da UNOPS afirmou ainda que "o que está a acontecer em Gaza é inconcebível".

Israel rompeu unilateralmente, na segunda-feira, o cessar-fogo com o movimento Hamas na Faixa de Gaza e que estava em vigor desde 19 de janeiro.

A guerra eclodiu em Gaza após um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano Hamas em solo israelita, a 7 de outubro de 2023, que causou cerca de 1200 mortos e mais de duas centenas de reféns.

Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 49 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.