Em declarações à agência France-Presse (AFP), Bassem Naïm acusou Israel de "procrastinação" na implementação da primeira fase do acordo de cessar-fogo, com uma duração de seis semanas e em vigor desde 19 de janeiro.

Esta situação, alertou, coloca o acordo "em perigo e pode levar ao seu colapso".

Até ao momento, não divulgado qualquer avanço das negociações relativas à segunda fase do acordo, que visa garantir a libertação de todos os reféns e que deveria arrancar na segunda-feira.

Na sequência da mais recente troca de reféns, o Hamas denunciou hoje o que classificou como um "assassinato a conta-gotas" dos detidos palestinianos nas prisões israelitas, após a hospitalização de sete prisioneiros libertados.

As hospitalizações, incluindo a de Jamal al-Tawil, um dirigente político do Hamas na Cisjordânia, refletem "as agressões e os maus-tratos sistemáticos das autoridades prisionais israelitas contra os nossos prisioneiros, com um total desprezo pela sua idade ou pelos problemas de saúde que enfrentam", escreveu o Hamas, denunciando uma "política de assassinato a conta-gotas dentro das prisões".

O Hamas libertou hoje três reféns israelitas que raptou em 07 de outubro de 2023, quando atacou o sul de Israel e desencadeou uma ofensiva militar israelita na Faixa de Gaza, em troca de 183 prisioneiros palestinianos.

À AFP, Bassem Naïm exortou ainda os países árabes "a não normalizarem as relações" com Israel, depois de o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ter afirmado que um acordo com a Arábia Saudita iria "concretizar-se".

Riade reagiu de forma contundente às declarações de Netanyahu, afirmando que não haverá qualquer normalização sem a criação de um Estado palestiniano, qualificando a sua posição como "inabalável".

A Arábia Saudita tinha iniciado negociações com Israel em 2020 em troca de um pacto de defesa com Washington e de assistência para um programa nuclear civil, mas suspendeu as conversações após o início da guerra em Gaza.

 

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