
O Instituto de Segurança Social da Madeira, através do seu Serviço de Apoio Domiciliário (SAD), deslocou-se ao Jardim da Serra na última segunda-feira, após uma denúncia da Associação Ajuda Alimentar Cães, que dava conta de um caso de “negligência humana e animal”.
No local, os técnicos identificaram “um cenário de insalubridade”, marcado por graves carências ao nível da higiene, ventilação e acumulação de resíduos, onde reside uma idosa “consciente, orientada e com alguma autonomia funcional que não se encontra confinada à cama”. “Está acompanhada pelo filho, com quem reside, e pela filha, residente na habitação contígua, os quais manifestaram disponibilidade para colaborar no apoio à mãe”, informou a Segurança Social questionada pelo DIÁRIO.
O Instituto de Segurança Social garantiu que foram apresentadas respostas sociais a esta família, nomeadamente apoio na higiene pessoal da utente, atribuição do Subsídio Económico para Apoio Domiciliário (SEAD) e a candidatura a Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI), mas adiantou que “a própria utente recusou a adesão a estas respostas, tendo sido sensibilizada, tanto por parte dos técnicos como da própria filha, para a importância de as considerar”.
“Importa destacar que estas situações são, muitas vezes, complexas, não apenas do ponto de vista material, mas também relacional e emocional. Mesmo quando as entidades competentes estão atentas e intervêm no terreno, deparam-se frequentemente com resistências por parte dos próprios beneficiários ou das suas famílias, sendo a aceitação da ajuda condicionada por dinâmicas internas difíceis de quebrar. Por vezes, só quando estas situações se tornam públicas - mesmo que por meios menos convencionais, como vídeos em redes sociais - se gera a pressão ou a abertura necessária para que se avance”, referiu o ISSM, dando conta de que o filho coabitante já havia recusado apoio da autarquia para recolha do lixo.
No entanto, a Segurança Social deixou claro que irá manter o acompanhamento rigoroso desta situação, estando agendada uma nova visita domiciliária multidisciplinar, envolvendo a autarquia, a assistente social do centro de saúde local e os serviços do Instituto de Segurança Social. “O objectivo é concertar uma estratégia de acção interinstitucional, que permita criar as condições necessárias para garantir uma melhoria sustentada das condições de vida da idosa e do seu agregado”, sublinhou.
Tal como o DIÁRIO noticiou com base na publicação da Ajuda a Alimentar Cães, desta casa foram retirados um cão, uma gata e cinco filhotes de gato.
“Os animais foram salvos, mas os humanos continuam abandonados. Estamos a lidar com situações de alcoolismo, negligência e vulnerabilidade social. Há uma idosa acamada e em sofrimento, que precisa de apoio”, criticou na altura a associação.
Artigo relacionado: Associação denuncia e expõe "caso gravíssimo de negligência humana e animal no Jardim da Serra"