A Iniciativa Liberal considerou esta segunda-feira que a ida do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, à tomada de posse de Daniel Chapo como Presidente de Moçambique é inaceitável e um "sinal de desrespeito do Governo para com o parlamento".
"Inaceitável. Incompreensível. A ida do ministro do Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, à tomada de posse de Daniel Chapo, o presidente designado pela Frelimo, é uma subserviência e uma cumplicidade com um regime que sequestrou a democracia e liberdade ao povo de Moçambique", lê-se numa publicação do deputado da IL Rodrigo Saraiva na rede social X (antigo Twitter).
Para Rodrigo Saraiva, que é também vice-presidente da Assembleia da República, a ida de Paulo Rangel à posse de Daniel Chapo é também "um sinal de desrespeito do Governo para com o parlamento".
"Porque estar naquela posse é reconhecer os resultados fraudulentos", disse, numa alusão ao facto de a Assembleia da República ter aprovado na generalidade, na passada sexta-feira, um projeto de resolução da IL que recomenda ao Governo que não reconheça os resultados das eleições gerais em Moçambique, devido "às graves irregularidades e fraudes denunciadas e documentadas".
Portugal vai estar representado na posse de Daniel Chapo como novo Presidente de Moçambique pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, disse à Lusa fonte da Presidência da República Portuguesa.
A posse de Daniel Chapo como Presidente de Moçambique, cargo no qual irá suceder a Filipe Nyusi, está marcada para quarta-feira.
A data da posse do novo Presidente foi fixada em 2 de janeiro pelo Conselho Constitucional de Moçambique, depois de em 23 de dezembro ter proclamado Daniel Chapo como vencedor das contestadas eleições de 9 de outubro.
Segundo o Conselho Constitucional, o candidato da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) - partido no poder desde a independência do país, em 1975 - venceu com 65,17% dos votos a eleição para Presidente da República.
Nas eleições gerais de 9 de outubro os moçambicanos votaram para eleger a Assembleia da República, assembleias e governadores provinciais e Presidente da República.
Esse processo eleitoral foi criticado por observadores internacionais, que apontaram várias irregularidades, e gerou violência e protestos nas ruas, incitados por Venâncio Mondlane, candidato a Presidente que teve o apoio do partido Podemos e que reclamou vitória.