
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) indicou esta terça-feira que foi decretado o estado de prontidão para nível 3 nas zonas onde lavram os principais incêndios no país, nomeadamente Penamacor, Arouca e Ponte da Barca.
Nas regiões de Lisboa, Médio Tejo e Alto Tejo tem neste momento acionado o nível 2 de estado de prontidão. "As condições meteorológicas têm sido extremamente difíceis para o combate", adiantou Mário Silvestre, comandante da ANEPC, em conferência de imprensa.
De acordo com o balanço da Proteção Civil, o "Arouca é o incêndio que, neste momento, preocupa mais", tendo tido início "em três ocorrências consecutivas".
Numa zona de "eucaliptal" e "orografia muito complicada", o incêndio de Arouca lavra com uma intensidade que está a libertar "uma energia de 20 mil kW/m".
Além do incêndio de Arouca, a Proteção Civil destaca também o incêndio do Lindoso, em Ponte da Barca, e Penamacor. O primeiro "tem situação bastante controlada" e no segundo, a autoridade conta com "resolução nas próximas horas".
No Lindoso, o incêndio registou uma velocidade de propagação de "cerca de 1.100 metros por hora", ou seja, "um quilómetro e 100 metros por hora com uma taxa de expansão de 120 hectares por hora".
"Quer isto dizer que arderam no Lindoso 120 hectares por hora" , sublinha Mário Silvestre.
No total, a Proteção Civil aponta para uma área total ardida, em Ponte da Barca, de dois mil hectares às 8h00 desta terça-feira. "É um incêndio que está estabilizado, mas com algumas zonas críticas, completamente inacessíveis aos meios de combate", acrescenta.
No caso de Penamacor, o comandante afirma que se tratou de um incêndio "completamente dominado pelo vento", com uma "velocidade de propagação de 3.500 metros por hora".
"[O incêndio de Penamacor] Teve uma taxa de expansão de 535 hectares por hora. No total, e até ao momento, temos a registar uma área [ardida] de 511 hectares", informa Mário Silvestre, advertindo que "todos estes números" carecem de validação posterior.
Em ocorrências "em resolução" ou "em vigilância", há ainda a registar 28 que mobilizam 562 operacionais e mais de 120 veículos.
Sete assistidos, seis transportados a unidade hospitalar
Quanto às vítimas, o comandante dá conta de sete assistidos, seis dos quais transportados a unidade hospitalar. Segundo o próprio, alguns destes já tiveram alta "sem problemas relevantes".
O município de Cascais e Sintra declararam alerta e foram também ativados os Planos Municipais de Emergência em Arouca, Castelo de Paiva, Penamacor e Idanha-a-Nova.
Em termos de ocorrências, foram registadas, entre esta segunda-feira e as 11h00 desta terça-feira, 175 ocorrências (124 na segunda-feira e 51 esta terça-feira).
"De destacar que 50,8% das ocorrências nestes dois dias são ocorrências noturnas. Só no dia de hoje, até às 8h00, temos a registar 39 ocorrências no período noturno o que contribui para um esforço significativo do dispositivo ", detalha.
Relativamente às condições meteorológicas propícias aos incêndios, Mário Silvestre afirma que foram pré-posicionados meios de reforço a nível nacional e sub-regional e determinado "o patrulhamento armado com recurso a aviões". Além destas medidas, "foi também solicitado a todos os meios regionais que reforçassem a comunicação e o próprio comando nacional fez ontem [segunda-feira] uma conferência".
Recomendações à população
A Proteção Civil apela ainda à população para que "não use o fogo". "Temos incêndios onde o uso de fogo por parte da população acabou por nos criar mais problemas", sublinha o comandante.
Apela ainda a que a população "siga as indicações dos profissionais" e "tenha confiança" no trabalho dos mesmos.
"Temos a meteorologia que temos e vamos vivê-la nos próximos dias, portanto, o único fator que podemos controlar é o comportamento humano", alerta Mário Silvestre sublinhando que "não podemos ter 39 ocorrências numa noite".
O que fazer em caso de incêndio?
Mais de 1.600 operacionais combatiam esta terça-feira de manhã cinco incêndios nas regiões norte e centro, nos concelhos de Mangualde, Ponte de Lima, Arouca, Penamacor e Ponte da Barca, para os quais foram requisitados meios aéreos, segundo a Proteção Civil.
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