O Irão reafirmou hoje o seu direito "inabalável" de enriquecer urânio, antes de uma reunião com enviados de três países europeus marcada para sexta-feira em Istambul para discutir o programa nuclear de Teerão.

"Especialmente depois da recente guerra [com Israel], era importante para eles (os europeus) saberem que as posições do Irão permanecem inabaláveis e que o nosso enriquecimento vai continuar", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, citado pela agência noticiosa Tasnim.

No domingo, o Governo iraniano confirmou uma nova ronda de negociações com Alemanha, França e Reino Unido, na sexta-feira em Istambul (Turquia), sobre o programa nuclear de Teerão.

Horas antes, os três países europeus -- signatários do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano firmado em 2015 -- tinham avançado que pretendiam ter novas conversações com o Irão.

O Presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, reiterou também hoje que continuará os projetos relacionados com o enriquecimento de urânio, apesar da oposição ocidental, mas garantiu que o desenvolvimento desta capacidade nuclear será realizado "dentro da estrutura do direito internacional".

"Esta é uma posição fundamental e permanente. O enriquecimento de urânio continuará em solo iraniano, de acordo com as normas internacionais", disse Pezeshkian em entrevista à Al Jazeera, publicada na noite de quarta-feira.

O líder iraniano descreveu como "uma ilusão" as alegações do Presidente norte-americano, Donald Trump, de que os ataques dos Estados Unidos às instalações nucleares iranianas a 22 de junho destruíram o programa atómico de Teerão.

"As nossas capacidades nucleares estão na mente dos nossos cientistas, não nas instalações", afirmou.

Pezeshkian também abordou a insistência de Trump de que o Irão não deveria ter armas nucleares.

"Trump diz que o Irão não deve ter armas nucleares, e nós aceitamos isso, assim como rejeitamos armas nucleares. É a nossa posição política, religiosa, humanitária e estratégica", disse o Presidente iraniano.

A 22 de junho, os Estados Unidos bombardearam a instalação subterrânea de enriquecimento de urânio em Fordo, a sul de Teerão, e as instalações nucleares de Isfahan e Natanz, no centro do país persa.

Durante a recente guerra de 12 dias entre Israel e o Irão, que ocorreu em junho passado, Telavive realizou centenas de ataques a instalações nucleares e militares iranianas e matou cientistas ligados ao programa nuclear iraniano.

O Irão retaliou com ataques de mísseis e drones contra Israel. Tal como os países ocidentais, Israel sustenta que o Irão quer desenvolver uma bomba atómica.

Teerão, que nega veementemente ter tais ambições militares, afirma estar a desenvolver energia nuclear para necessidades civis, particularmente energéticas.

Na quarta-feira, o Governo iraniano anunciou que uma equipa da Agência Internacional de Energia Atómica irá visitar o Irão nas próximas duas a três semanas, apesar da promulgação de uma lei que suspende a cooperação com a agência da ONU.