"O HTS [Organização para a Libertação do Levante ou Hayat Tahrir al-Sham] é um grupo terrorista 'jihadista', islamita, que tomou Damasco à força e foi apoiado pela Turquia. O HTS pertenceu ao Estado Islâmico [EI] e à al-Qaida. Eram 'jihadistas' antes e são 'jihadistas' agora, mesmo que alguns dos seus líderes tenham vestido fatos. A comunidade internacional deve tomar essa consciência disso em relação ao regime em Damasco", disse Heskel hoje numa conferência de imprensa.

A vice-ministra israelita referia-se à recente onda de violência na costa oeste síria, resultado de confrontos entre elementos afiliados ao regime deposto do antigo Presidente sírio Bashar al-Assad e outros que apoiam as autoridades do novo Governo de transição.

Até ao momento, a ONU confirmou a morte de 111 pessoas [90 homens, 18 mulheres, um rapaz e duas raparigas] nos incidentes, embora outras organizações, como o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, tenham estimado hoje o número de mortos em 1.093 pessoas.

"Este é um massacre que todos devem condenar, é o que significa realmente uma limpeza étnica", disse a vice-ministra israelita, acrescentando que "ninguém se vai manifestar nas ruas de Paris para proteger as famílias que estão prestes a ser massacradas por estas forças".

Segundo Heskel, estas mortes na Síria "deveriam ser uma mancha para o mundo inteiro, recordando que os apoiantes da Palestina não estão a favor da justiça, da paz ou da solidariedade para com os oprimidos, não sendo mais do que racistas, antissemitas e idiotas úteis para os monstros 'jihadistas'".

Heskel disse que o objetivo de Israel é impedir que aquilo que aconteceu na Síria aconteça dentro das suas fronteiras.

"Quando dizemos que estamos preocupados com a segurança na fronteira com a Síria, significa que estamos preocupados que estes monstros 'jihadistas' venham a cometer massacres e limpeza étnica de judeus e drusos dentro das nossas fronteiras. Não permitiremos a formação de uma ameaça 'jihadista' nas nossas fronteiras", disse.

Desde a chegada ao poder do novo regime sírio, Israel ocupa a zona desmilitarizada que abandonou há décadas na sua fronteira norte com a Síria, onde o Governo israelita disse que permanecerá indefinidamente.

"Há milhares de agentes do [grupo islamita palestiniano] Hamas e do movimento islamita Jihad Islâmica na Síria que nos querem atacar e fazer uma guerra contra Israel", disse Heskel.

Em 08 de dezembro, um grupo de combatentes rebeldes, liderados pelo HTS derrubou o regime do Presidente sírio Bashar al-Assad, que acabou por fugir para a Rússia.

Após 14 anos de guerra civil, a Síria tem agora um Governo de transição dirigido pelo líder do HTS, Ahmed al-Charaa.

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