Besigye, quatro vezes candidato presidencial no país da África Oriental, está detido desde 16 de novembro, quando desapareceu na capital do Quénia, Nairobi. Dias depois, foi presente a um tribunal militar em Kampala para enfrentar acusações de ameaça à segurança nacional.

A traição é punida com a pena de morte no Uganda.

O Supremo Tribunal suspendeu o seu julgamento militar no mês passado, afirmando que o tribunal marcial não pode julgar civis. A família de Besigye e os seus apoiantes exigiram a sua libertação imediata, mas este foi mantido numa prisão de segurança máxima e mais tarde iniciou uma greve de fome.

O opositor tem-se mostrado frágil em recentes aparições em tribunal, o que suscita preocupações de que qualquer dano que lhe seja infligido na prisão possa desencadear uma agitação social.

Muitos ugandeses estão a pedir às autoridades que o libertem por motivos de compaixão.

O grupo de nações da Commonwealth, de que o Uganda é membro, instou as autoridades ugandesas a libertarem Besigye e o seu coacusado, um assistente chamado Obeid Lutale. Eles estão "indevidamente detidos", afirmou o grupo, num comunicado.

A Amnistia Internacional também apelou, na segunda-feira, conjuntamente com mais dez organizações não governamentais (ONG), à libertação de Besigye, afirmando que o seu "rapto violou claramente a lei internacional dos direitos humanos e o processo de extradição com as necessárias proteções de um julgamento justo".

Esta é a segunda vez que Besigye enfrenta acusações de traição resultantes de alegações de que terá tentado derrubar o Governo. O primeiro processo, instaurado em 2005, não teve êxito. Desta vez, ele e outros são acusados de participar em reuniões, em cidades europeias e noutros locais, durante as quais Besigye alegadamente solicitou "apoio militar, financeiro e outro apoio logístico para derrubar o Governo do Uganda, tal como estabelecido por lei", de acordo com a acusação.

Os advogados de Besigye dizem que as acusações têm motivações políticas.

Mas o Presidente Yoweri Museveni disse que o seu rival político tem de responder pelos "crimes muito graves que alegadamente planeou".

Museveni rejeitou os apelos de alguns ao perdão e, em vez disso, apelou a "um julgamento rápido para que os factos sejam apurados".

O caso de Besigye está a ser observado de perto pelos ugandeses, preocupados com as manobras políticas antes das eleições presidenciais do próximo ano. Embora se espere que Museveni tente a reeleição, alguns observadores acreditam que poderá afastar-se em favor do seu filho, Muhoozi Kainerugaba, o comandante máximo do exército, num golpe de Estado sem derramamento de sangue.

Besigye, um médico que se reformou das forças armadas do Uganda com o posto de coronel, é um antigo presidente do partido Fórum para a Mudança Democrática, durante muitos anos o grupo de oposição mais proeminente do Uganda. É um crítico feroz de Museveni, de quem foi assistente militar e médico pessoal.

O Uganda nunca assistiu a uma transferência pacífica do poder presidencial desde a sua independência do domínio colonial, há seis décadas.

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