O Livre vai pedir uma audiência ao Presidente da República na sequência da operação policial no Martim Moniz, que classificou como "grave do ponto de vista do Estado de direito", anunciou hoje o porta-voz Rui Tavares.

Em declarações aos jornalistas no Parlamento, Rui Tavares afirmou que a operação policial de quinta-feira no Martim Moniz, em Lisboa, representa uma "viragem na estratégia deste Governo" que, disse, segue "uma agenda ditada pela extrema-direita e não pelo mandato que recebeu dos portugueses".

Rui Tavares considerou que, sobre a operação policial de quinta-feira, "absolutamente nada está esclarecido" relativamente, por exemplo, ao cumprimento dos critérios de segurança e investigação.

"Tudo isso é grave do ponto de vista do Estado de direito, mas também grave do ponto de vista das próprias alianças políticas que sustentam o Governo. Havendo uma viragem política desta dimensão, achamos que é adequado discuti-la com o senhor Presidente da República e entender como é que ele vê esta evolução do quadro político nacional", disse o líder do Livre.

Rui Tavares lamentou as propostas aprovadas quinta-feira em plenário no sentido de limitar o acesso de migrantes ao SNS, apontando as medidas como exemplos da influência da extrema-direita nas decisões do PSD.

Tavares salientou que esta audiência "não serve para que ele tenha exatamente as mesmas opiniões" que o Livre mas sim para que o partido possa comunicar a sua visão e, a partir daí, Marcelo Rebelo de Sousa "fazer a sua leitura".

PAN critica a "desproporcionalidade de meios"

O PAN, pela porta-voz Inês de Sousa Real, lamentou o que diz ter sido a "desproporcionalidade de meios" nesta operação policial num caso em que, disse, "não existia qualquer evidência" que justificasse a dimensão da intervenção.

Para Inês de Sousa Real, o PSD "vem de alguma forma procurar seguir uma agenda anti-direitos humanos" que "vai sair cara" aos sociais-democratas" por se afastarem dos valores constitucionais, do princípio da proporcionalidade e de uma política de integração de prevenção.

"Caberá agora à ministra da Administração Interna esclarecer aqui na Assembleia da República o porquê deste tipo de intervenção. Nós não podemos estar a ir a reboque de uma agenda claramente de desintegração para justificar aquilo que possa ser este tipo de intervenções", disse anunciando que o PAN acompanhará todos os pedidos de audição de Margarida Blasco.

Inês de Sousa Real considerou também que o Presidente da República já deixou um "recado" ao Governo ao apelar ao cumprimento das regras constitucionais, e que só não entenderá essa mensagem "quem não quiser".