O Presidente brasileiro, Lula da Silva, voltou a endurecer o discurso contra o chefe de Estado norte-americano, acusando-o de não querer negociar as tarifas que anunciou impor ao Brasil.

"Ele não quer conversar, se ele quisesse conversar, ele pegava o telefone e me ligava", frisou Lula da Silva, numa cerimónia de anuncio de novas políticas públicas educativas destinadas a indígenas e quilombolas no estado de Minas Gerais.

Trump iniciou uma crise diplomática e comercial sem precedentes entre o Brasil e os Estados Unidos, que começou com o anúncio de tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros a partir de 01 de agosto, justificando que esta medida era também uma consequência da "caça às bruxas" sofrida pelo ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que está acusado de tentativa de golpe de Estado.

"Ele acredita em bruxa? Alguém aqui acredita em bruxa para ter caça às bruxas? Ele mandou uma carta pedindo para pararem de perseguir o Bolsonaro. Um desaforo desrespeitoso com o Brasil e a justiça brasileira", afirmou hoje Lula da Silva.

"Presidente Trump, a nossa soberania é feita por esse povo brasileiro, que trabalha, que produz", sublinhou Lula da Silva, criticando ainda Eduardo Bolsonaro, filho do ex-Presidente, por se encontrar nos Estados Unidos a fazer 'lobby' a favor do pai e de elogiar as tarifas anunciadas por Trump.

"É uma vergonha, uma falta de caráter, falta de coragem", disse Lula.

O ex-Presidente brasileiro enfrenta um julgamento criminal sob a acusação de "liderar" um plano golpista para se manter no poder e impedir a posse do seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, depois de perder as eleições de 2022.

Esse processo, no qual enfrenta uma possível pena de 40 anos de prisão, foi o principal motivo que levou o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a anunciar uma tarifa adicional de 50% sobre as importações brasileiras a partir de 01 de agosto.