"Esperamos que a pataca digital possa ser usada como um dos instrumentos de transação digitalizada para os países de língua portuguesa, para transações comerciais, e para transações sino-portuguesas", disse Anton Tai Kin Ip.

Em resposta a perguntas dos deputados durante a sessão da Assembleia Legislativa, o parlamento local, o secretário confirmou que o sistema central da moeda digital deverá estar finalizado até ao final de 2025, seguindo-se uma série de testes técnicos.

"A primeira fase de implementação centrar-se-á nas transações de retalho antes de se expandir para as aplicações grossistas", disse Tai. "Posteriormente, pretendemos sair de Macau para nos ligarmos à plataforma de língua portuguesa", acrescentou.

Em 2003, Pequim estabeleceu Macau como plataforma para o bloco lusófono e criou na região o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

Uma delegação liderada por Tai Kin Ip esteve em Lisboa no início de março, tendo-se encontrado com dirigentes do Banco de Portugal, incluindo o administrador Luís Morais Sarmento.

No final de março, o gabinete do secretário disse num comunicado que os vários encontros serviram para "negociar a consolidação e o aprofundamento da cooperação entre Macau e Portugal nas áreas da ciência, tecnologia, economia e comércio".

Tai Kin Ip disse hoje aos deputados que iria continuar a visitar mais países de língua portuguesa no futuro, para procurar apoio para a utilização da pataca digital.

O secretário prometeu aproveitar as vantagens da pataca digital como uma moeda cuja circulação será livre através das fronteiras de Macau, uma economia aberta ao fluxo de capitais.

Pelo contrário, a moeda chinesa, o renmimbi, não é inteiramente convertível em outras moedas e as autoridades de Pequim impõem um rígido controlo ao fluxo de capitais, sobretudo para fora do país.

As trocas comerciais entre os países de língua portuguesa e a China atingiram 225,2 mil milhões de dólares (216,6 mil milhões de euros) no ano passado, mais 2% do que em 2023, de acordo com dados dos Serviços de Alfândega da China.

O protótipo do sistema da pataca digital de Macau (e-Mop) foi lançado em 12 de dezembro, oito dias antes do fim do mandato do anterior líder do Governo, Ho Iat Seng.

Em setembro, o então regulador financeiro da região disse que a pataca digital poderia "servir de exemplo para os países de língua portuguesa".

O presidente da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), Benjamin Chan Sau San, falava durante a segunda Conferência dos Governadores dos Bancos Centrais e dos Quadros da Área Financeira entre a China e os Países de Língua Portuguesa, que decorreu em Macau.

Na abertura do evento, Ho Iat Seng disse que o desenvolvimento da e-Mop contou com o apoio do Governo e do banco central da China, que foi a primeira grande economia do mundo a lançar uma moeda digital, o renmimbi digital ou e-CNY, em agosto de 2020.

Em setembro, a AMCM explicou que, antes do lançamento oficial da pataca digital, iria realizar testes para identificar riscos e "estabelecer leis e regulamentos".

O regulador sublinhou que, ao contrário de criptomoedas privadas (a mais conhecida das quais é a Bitcoin), a e-Mop será "uma moeda com curso legal", com o mesmo estatuto jurídico e valor monetário das moedas e notas físicas de pataca.

 

JW (VQ) //

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